- Remessas em etapas podem ser vantajosas para suavizar os efeitos da variação do câmbio, mesmo com IOF mais alto.
- Simulações mostram que o custo total por dólar varia muito pouco entre envios grandes ou pequenos.
- Especialistas sugerem adotar uma estratégia contínua de envio, buscando um câmbio médio e diluindo riscos.
Com a elevação do IOF para 3,5%, brasileiros questionam se é mais vantajoso enviar uma grande quantia de dólares de uma só vez ou em pequenas remessas. Simulações mostram que a diferença no custo total pode ser pequena, mas o câmbio flutuante exige atenção redobrada.
Alta no imposto muda planejamento de viagem
A recente mudança na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para transferências internacionais — que passou de 1,1% para 3,5% — causou impacto direto na forma como os brasileiros estão planejando suas viagens ao exterior.
Nesse sentido, a dúvida mais comum agora é: compensa enviar todo o dinheiro de uma só vez ou fracionar as remessas para tentar um câmbio melhor?
Embora o valor do IOF seja proporcional ao montante transferido, há diferenças sutis no custo total dependendo do método e da plataforma usada. Para responder a essa dúvida, o Valor Investe realizou uma simulação utilizando dois aplicativos populares: Wise e Nomad.
Diferença é marginal, mas o câmbio pesa mais
No caso da Wise, a simulação de envio de US$ 100 resultou num custo total de R$ 592,49, já com tarifas e IOF incluídos, considerando a cotação do dólar a R$ 5,68. Isso equivale a um Valor Efetivo Total (VET) de R$ 5,9249 por dólar.
Se o cliente optasse por transferir apenas US$ 10, o custo subiria levemente para R$ 59,26, elevando o VET para R$ 5,9260. A diferença é quase imperceptível. Ou seja, nesse caso, o volume da remessa tem impacto pequeno no custo final.
Já na Nomad, o VET se manteve constante: R$ 5,9993 tanto para US$ 100 quanto para US$ 10. A única variação observada foi na cotação, pois a simulação foi feita alguns minutos depois, com o dólar a R$ 5,6827.
Especialistas recomendam foco no câmbio médio
Apesar de o aumento do IOF elevar o custo das operações, especialistas apontam que o principal fator de decisão ainda é o comportamento do câmbio. Isso porque ele é instável e difícil de prever.
Para Caio Fasanella, diretor de investimentos da Nomad, a recomendação é que o cliente faça remessas recorrentes, em vez de esperar um “momento ideal” para uma única grande transação. “Não temos clareza sobre os movimentos do câmbio, que seguem imprevisíveis. Por isso, o melhor é buscar um câmbio médio ao longo do tempo”, aconselha.
Essa estratégia, chamada de dólar médio, ajuda a suavizar os efeitos da volatilidade cambial. Assim, o usuário evita transferir todo o dinheiro justamente quando a moeda está mais cara.
Tributação não muda com a estratégia
Sob o ponto de vista estritamente tributário, dividir ou não as remessas faz pouca diferença. De acordo com Bruno Botelho, especialista em câmbio da One Investimentos, o total pago em IOF será praticamente o mesmo, desde que a alíquota e o valor enviado não mudem.
“Enviar tudo de uma vez ou aos poucos não traz economia fiscal. O que pode variar são fatores externos, como a cotação do câmbio. A vantagem de fracionar as remessas está em aproveitar possíveis quedas na moeda americana”, explica Botelho.
Ou seja, se o dólar cair no futuro, quem envia em etapas pode acabar gastando menos no total. Por outro lado, se a moeda subir, o custo geral também pode aumentar. A decisão, portanto, depende mais da tolerância ao risco do que da diferença de taxas.