O início de 2025 trouxe desafios para o mercado de combustíveis no Brasil, com uma defasagem nos preços internos de gasolina e óleo diesel que já ultrapassa os dois dígitos. A defasagem média no preço do óleo diesel é de -17%, enquanto a gasolina enfrenta uma queda de -12%, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Já a cotação do barril de petróleo Brent superou os US$90, impulsionada por fatores como a diminuição da oferta e a continuidade da alta demanda por combustíveis, especialmente na Ásia.
Este cenário é um reflexo da disparada nos preços internacionais e do impacto do câmbio desfavorável, com o dólar cotado a R$6,21, um nível que não era registrado desde novembro de 2022.
De acordo com a Abicom, a diferença nos preços do mercado doméstico, em comparação com o preço de paridade de importação (PPI), é um dos principais responsáveis por esse desequilíbrio. O PPI, que reflete os custos internacionais ajustados ao câmbio, subiu consideravelmente. A entidade alerta que esse cenário coloca as distribuidoras de combustíveis em uma posição difícil, já que muitas delas estão comprando os produtos a preços internacionais mais altos, mas não conseguem repassar esse aumento integralmente ao consumidor.
Os dados mais recentes indicam que, no ano, o aumento da commodity já supera 8%. A gasolina, por exemplo, teve um aumento significativo no mercado internacional, o que agravou a defasagem nos preços internos. A situação se complica com as condições macroeconômicas adversas, em especial o dólar elevado, que impacta diretamente os custos de importação.
O mercado de combustíveis brasileiro também sofre as consequências da escassez global de petróleo e da crescente demanda, o que tem mantido os preços no patamar elevado. Enquanto isso, a política de preços da Petrobras, que segue a tendência do mercado internacional, tem sido criticada por diversos setores justamente por não conseguir ajustar os preços internos de maneira eficaz, o que gera volatilidade no mercado nacional.
Dólar mais forte e perspectiva de taxa do Fed impulsionam mercados
A alta do dólar no início de 2025 está sendo impulsionada pela expectativa de aumento nas taxas de juros nos Estados Unidos, uma ação esperada pelo Federal Reserve (Fed) para conter a inflação e aquecer a economia americana. Em 13 de janeiro de 2025, o índice do dólar americano alcançou o nível mais alto desde novembro de 2022, o que gerou um impacto direto sobre os mercados financeiros globais.
Em meio a esse contexto, a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que rejeitou o recurso da Binance e de seu fundador, Changpeng Zhao, sobre o processo movido por investidores, também abalou o mercado de criptomoedas. O caso envolve uma ação coletiva movida por investidores da exchange, que acusam a plataforma de vender ilegalmente tokens não registrados. A corte decidiu que as leis de valores mobiliários dos EUA se aplicam às transações realizadas na plataforma, embora a Binance não seja uma empresa americana.
Esse desenvolvimento pode ter implicações globais para a regulação de criptomoedas, principalmente no que diz respeito às plataformas estrangeiras que operam no território dos Estados Unidos. A Binance, que argumentou que não deveria ser regida pelas leis dos EUA, enfrenta um processo que pode mudar o rumo das regulamentações internacionais. O impacto dessa decisão é observado de perto por investidores, uma vez que a classificação de criptomoedas como valores mobiliários pode alterar as dinâmicas de negociação e a forma como as plataformas operam em mercados globais.
Além disso, é importante destacar que o processo não está relacionado à multa de mais de US$ 4,3 bilhões imposta à Binance em 2023 por violar leis federais antilavagem de dinheiro. Essa multa já havia sido um alerta para o mercado sobre as implicações regulatórias mais rígidas nos Estados Unidos.