
- Justiça bloqueou R$ 1,2 bilhão em ativos ligados a fraudes e lavagem de dinheiro
- Operações Carbono Oculto e Quasar miraram postos, fundos e fintechs usados por facções
- Governo quer institucionalizar modelo integrado de combate ao crime via PEC da Segurança
A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram nesta quinta-feira (28) uma das maiores ofensivas já registradas contra o crime organizado no Brasil. As operações Carbono Oculto e Quasar miraram fraudes fiscais, lavagem de dinheiro e infiltração de facções no mercado formal de combustíveis.
A Justiça Federal autorizou o bloqueio de R$ 1,2 bilhão em ativos ligados às organizações criminosas. O esforço envolveu milhares de agentes em mais de dez estados, resultado direto do núcleo criado em janeiro pelo governo federal para enfrentar o crime estruturado.
O alvo das operações
Segundo as investigações, as facções utilizavam fundos de investimento para esconder patrimônio ilícito. O esquema envolvia estruturas complexas, criadas para dificultar o rastreamento de recursos e permitir que dinheiro do tráfico circulasse como se fosse legal.
Assim, as operações, conduzidas em paralelo, tinham funções distintas. Carbono Oculto focou na fraude tributária e na sonegação no setor de combustíveis. Já a Operação Quasar concentrou-se em desmontar o braço financeiro responsável pela lavagem de capitais.
Desse modo, o bloqueio determinado pela Justiça alcançou não só os fundos de investimento, mas também contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao esquema. O Coaf e o Ministério Público atuaram ao lado da PF e da Receita para garantir o sequestro imediato.
Estratégia do governo federal
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, destacou que a estratégia integrada contra o avanço do crime inclui a ação. Ele lembrou que o fenômeno atual é a migração da criminalidade da ilegalidade para o mercado legal.
De acordo com Lewandowski, somente operações policiais não são mais suficientes. Além disso, é necessário o trabalho conjunto de todos os órgãos de inteligência do Estado, com ações simultâneas e permanentes para reduzir a capacidade de infiltração.
Portanto, a Operação Carbono Oculto foi organizada dentro do núcleo de combate ao crime, criado em janeiro de 2025. Esse grupo reúne PF, Receita Federal, Coaf, PRF, MPF e Ministérios Públicos estaduais em uma atuação coordenada.
Reforço político e institucional
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, participou do anúncio e afirmou que a integração entre áreas econômicas e de segurança é fundamental para conter a perda de arrecadação e o avanço das organizações criminosas.
Ademais, Lewandowski aproveitou para defender a aprovação da PEC da Segurança, em tramitação no Congresso, que busca institucionalizar a cooperação permanente entre os órgãos. Para ele, essa medida é vital para consolidar a eficiência das operações.
Por fim, o governo também sinaliza que o modelo de atuação conjunta deve ser replicado em outros setores além dos combustíveis. O foco é impedir que estruturas criminosas ocupem espaço no sistema financeiro e em mercados estratégicos.