- A expiração da patente do Ozempic, prevista para 2026, abrirá espaço para a concorrência e a entrada de genéricos no Brasil
- O mercado de medicamentos para obesidade e diabetes pode alcançar US$ 80 bilhões até 2028, beneficiando farmácias e planos de saúde
- Empresas como Hypera e Biomm se preparam para aproveitar a crescente demanda por medicamentos GLP-1, como o Ozempic
A popularidade crescente dos medicamentos à base de GLP-1, como o Ozempic, tem gerado mudanças significativas no setor de saúde. E, no entanto, a sua utilização para emagrecimento tem sido um fator importante no aumento da demanda global.
Segundo um relatório da XP Investimentos, essa tendência não só deve impactar empresas farmacêuticas, mas também setores como planos de saúde e farmácias no Brasil.
A grande mudança se aproxima com a expiração da patente do Ozempic, prevista para julho de 2026. Contudo, o que permitirá a entrada de genéricos no mercado, gerando mais concorrência e pressionando preços e margens no setor.
Potencial de mercado
A demanda por medicamentos para obesidade e diabetes tem aumentado rapidamente, impulsionada pelo crescimento do número de adultos com sobrepeso no mundo.
A XP Investimentos estima que 2,5 bilhões de pessoas são consideradas acima do peso atualmente, e esse número pode crescer para 3,3 bilhões até 2035. Esses dados indicam que o mercado global de medicamentos como o Ozempic pode alcançar até US$ 80 bilhões em vendas até 2028.
Embora o Ozempic, fabricado pela Novo Nordisk, domine atualmente o mercado, a chegada de genéricos deve causar uma mudança substancial na dinâmica de oferta e demanda.
No Brasil, a legislação exige que medicamentos genéricos ofereçam um desconto mínimo de 35% sobre o preço do medicamento de referência. Na prática, esses descontos podem ser ainda maiores, o que deve resultar em um aumento da demanda por tratamentos mais acessíveis.
Farmácias, então, devem ser beneficiadas com o crescimento desse mercado. Dessa forma, ampliando o acesso ao tratamento para mais pessoas.
O impacto nas empresas
A XP Investimentos observa que empresas como a Hypera (HYPE3) podem ser favorecidas com essa mudança. A farmacêutica tem o potencial de capturar um maior volume de vendas, especialmente se optar por produzir medicamentos à base de semaglutide (o princípio ativo do Ozempic).
Embora haja pressão sobre as margens de lucro no curto prazo devido aos investimentos iniciais, a oferta de um produto nesse segmento de rápido crescimento pode representar uma oportunidade positiva para a empresa.
A Hypera pode adotar duas estratégias: produção interna ou parcerias, o que afetaria os seus investimentos iniciais e margens futuras.
A Biomm (BIOM3), por sua vez, já firmou uma parceria com a farmacêutica indiana Biocon para desenvolver e fornecer medicamentos à base de semaglutida no Brasil. No entanto, a empresa ainda precisa enfrentar o processo de aprovação pela Anvisa para comercializar o produto.
Planos e hospitais verticalizados
Além das farmacêuticas, o setor de planos de saúde e hospitais verticalizados também pode ser impactado positivamente com a maior acessibilidade aos tratamentos para obesidade.
Com o aumento da disponibilidade de medicamentos mais baratos, os custos médicos a longo prazo devem diminuir, o que pode resultar em uma redução nos gastos com o tratamento de doenças relacionadas à obesidade. Isso seria uma boa notícia para as empresas de saúde que operam no Brasil.
A entrada de novos medicamentos no mercado de GLP-1 pode tornar os tratamentos mais amplos, gerando efeitos positivos em toda a cadeia de atendimento médico.