Alvo de investigação

Rombo milionário: fintechs e clínicas de saúde são acusadas de fraude em reembolsos

Investigações apontam esquema envolvendo fintechs e clínicas em São Paulo, Pernambuco e Bahia, com fraudes que beiram R$ 6 milhões.

Rombo milionário: fintechs e clínicas de saúde são acusadas de fraude em reembolsos
  • Fraudes em reembolsos de planos de saúde somaram R$ 6 milhões, segundo a SulAmérica.
  • Justiça concedeu liminar contra fintechs Iugu e Facilicred, acusadas de viabilizar o esquema.
  • Especialistas apontam falhas de fiscalização do Banco Central e pedem revisão nas políticas de risco.

O mercado de saúde suplementar entrou no foco de um novo escândalo de fraudes financeiras envolvendo fintechs. De acordo com a SulAmérica Saúde, clínicas médicas usaram operações irregulares com instituições de pagamento para obter reembolsos sem o conhecimento dos beneficiários. O caso, avaliado em cerca de R$ 6 milhões, já chegou à Justiça e ao noticiário policial.

Segundo a investigação, duas fintechs teriam atuado como intermediárias em esquemas de empréstimos fictícios, notas fiscais e comprovantes forjados, enquanto clínicas acessavam sistemas da operadora com dados de clientes. O episódio reforça a preocupação sobre a fiscalização no setor de saúde e a vulnerabilidade dos processos digitais de pagamento.

Como funcionava o esquema

O modus operandi envolvia duas instituições: Iugu Instituição de Pagamento e HBI Sociedade de Crédito Direto (Facilicred).

Ademais, segundo a SulAmérica, as fintechs abriam contas em nome dos beneficiários e geravam empréstimos sem o conhecimento deles.

Desse modo, com os comprovantes e notas fiscais emitidos pelas clínicas, era solicitado o reembolso junto à operadora, que transferia os valores sem suspeitar da fraude.

O caso na Justiça

A SulAmérica levou o caso à polícia e obteve liminar para suspender os pagamentos relacionados às instituições citadas.

Além disso, o juiz Gustavo Bretas Marzagão apontou indícios de que a operadora foi vítima de um esquema de “reembolso assistido”, modalidade sem previsão legal.

Portanto, segundo ele, clínicas médicas não credenciadas pediam login e senha de beneficiários, apresentando recibos superfaturados e comprovantes falsos.

Brechas regulatórias

Especialistas destacam que a falta de concursos no Banco Central reduziu a capacidade de fiscalização do setor, hoje com apenas 3 mil servidores.

Para Rafael Bianchini (FGV), o encolhimento do BC criou um “regulador estrangulado pela demanda”, favorecendo brechas.

Janny Castro (Forvis Mazars) lembra que ataques cibernéticos e vazamentos recentes expõem falhas até em fintechs sérias, exigindo políticas mais rígidas de risco e compliance.

O que dizem as fintechs

A Iugu afirmou ser apenas uma plataforma de pagamentos regulada pelo BC, sem ingerência sobre consultas ou reembolsos.

Ademais, a Facilicred disse atuar na emissão de Cédulas de Crédito Bancário (CCBs), repassando a exposição financeira e seguindo exigências regulatórias.

Por fim, ambas negam participação direta no esquema apontado pela SulAmérica e refutam irregularidades.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.