Margens protegidas

Santander recomenda compra da JBS e aposta em alta com possível listagem nos EUA

Banco vê cenário estruturalmente positivo para o mercado de frango nos EUA até 2025 e destaca potencial de valorização da empresa.

Crédito: Depositphotos
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  • A produção de frango nos EUA segue limitada por fatores biológicos e regulatórios, o que sustenta os preços.
  • O consumo interno permanece forte, com estoques historicamente baixos e margens protegidas.
  • A listagem da JBS nos EUA pode destravar valor e reforça a recomendação de compra do Santander.

O banco Santander reafirmou sua recomendação de compra para as ações da JBS (JBSS3). Segundo analistas, o cenário atual favorece o setor avícola nos Estados Unidos, ao mesmo tempo que a possível listagem da empresa em Nova York amplia as expectativas de valorização.

Escassez deve manter preços altos

De acordo com o relatório, a cadeia de suprimento de frango nos Estados Unidos atravessa uma fase de escassez estrutural. O banco estima que esse quadro deve persistir até, pelo menos, o fim de 2025. Essa condição decorre da contração no plantel de matrizes, do aumento da mortalidade e das limitações biológicas na taxa de eclosão.

Em abril deste ano, dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) apontaram uma queda de 3% no número de matrizes poedeiras, na comparação anual. Embora o número de aves jovens tenha subido 0,8%, esse avanço foi superado por uma taxa de desaparecimento de 22%, considerada recorde.

Segundo os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata, a mortalidade elevada está ligada à redução no uso de antibióticos e à adoção de normas mais rígidas de bem-estar animal. Além disso, mudanças genéticas também comprometeram a resiliência dos plantéis, o que dificulta a expansão da produção.

Nesse contexto, a indústria enfrenta limitações severas para ajustar sua capacidade produtiva. Mesmo que haja demanda crescente, o tempo necessário para recuperar a base produtiva é longo. Isso reforça a visão de que os preços seguirão em patamares elevados por vários trimestres consecutivos.

Oferta contida e demanda firme sustentam margens

Mesmo com um aumento de 1% no volume de ovos incubados, o Santander avalia que o setor ainda enfrenta restrições estruturais. A indústria busca extrair o máximo da capacidade existente, mas encontra dificuldades para elevar a oferta de forma consistente.

Além disso, os estoques frios de carne de frango continuam baixos. Em abril de 2025, houve uma leve alta de 2% nesses estoques, porém o movimento veio após um recuo expressivo de 10% no mesmo período do ano anterior. Essa escassez colabora para manter os preços elevados.

Por outro lado, a demanda doméstica se mantém aquecida. Os dados de escaneamento no varejo e o fluxo em serviços de alimentação mostram que o consumo segue estável e forte. Isso contribui diretamente para a manutenção de um ambiente positivo para preços e margens de lucro.

Esse equilíbrio delicado entre escassez e consumo ativo indica que a rentabilidade da JBS deve permanecer elevada. Ainda que o cenário global apresente incertezas, o mercado norte-americano mostra sinais robustos de sustentação, especialmente no segmento de frango.

Listagem nos EUA pode impulsionar JBS

Diante desse panorama, o Santander reiterou sua recomendação “outperform” para a JBS, equivalente à compra. O banco acredita que a combinação entre oferta restrita, demanda firme e listagem da empresa nos EUA torna o momento atrativo para investidores.

Para os analistas, a potencial valorização com a abertura de capital em Nova York pode destravar valor e aumentar a visibilidade internacional da companhia. Essa estratégia fortalece a posição da JBS no setor global de proteína animal e amplia seu acesso a capital estrangeiro.

Além disso, a empresa poderá conquistar uma base mais ampla de investidores institucionais ao se posicionar diretamente em um dos maiores mercados financeiros do mundo. Isso tende a melhorar a liquidez das ações e a percepção de governança da companhia no longo prazo.

Entretanto, a recomendação para a Pilgrim’s Pride (PPC), subsidiária da JBS nos Estados Unidos, continua neutra. Apesar de seu bom desempenho local, os efeitos cambiais negativos sobre suas operações internacionais ainda pesam na avaliação geral da empresa.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.