Cenário fiscal

Superávit dos EUA sobe 23% e atinge US$ 258 bi após aumento de tarifas contra a China

Alta na arrecadação e queda nos gastos explicam o desempenho positivo, segundo dados divulgados pelo Departamento do Tesouro norte-americano.

Superávit dos EUA sobe 23% e atinge US$ 258 bi após aumento de tarifas contra a China Superávit dos EUA sobe 23% e atinge US$ 258 bi após aumento de tarifas contra a China Superávit dos EUA sobe 23% e atinge US$ 258 bi após aumento de tarifas contra a China Superávit dos EUA sobe 23% e atinge US$ 258 bi após aumento de tarifas contra a China
Crédito: Depositphotos
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  • Superávit de abril foi de US$ 258 bilhões, com alta de 23% em relação a 2023.
  • A arrecadação subiu 22%, enquanto os gastos caíram 8%, segundo o Tesouro.
  • Apesar do dado positivo, o déficit fiscal acumulado no ano ainda soma US$ 855 bilhões.

O governo dos Estados Unidos registrou um superávit orçamentário de US$ 258 bilhões em abril, representando um crescimento de 23% em relação ao mesmo mês de 2023. O resultado foi impulsionado por aumento na arrecadação tributária e redução dos gastos públicos, conforme apontado pelo relatório do Departamento do Tesouro divulgado nesta segunda-feira (12).

Receita cresce e supera expectativas

O mês de abril apresentou aumento significativo nas receitas federais, que somaram US$ 776 bilhões, alta de 22% frente ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho decorre principalmente da temporada de declaração de impostos, tradicionalmente mais intensa nesse mês nos Estados Unidos. Além disso, o crescimento da atividade econômica e o aumento no emprego contribuíram para a elevação na arrecadação.

Ao mesmo tempo, os gastos federais caíram 8%, somando US$ 518 bilhões. Isso se deve, sobretudo, à redução de despesas com programas sociais e subsídios relacionados à pandemia. O recuo nos gastos também indica uma tentativa do governo de conter o crescimento do déficit acumulado ao longo do ano fiscal.

Dessa forma, o superávit de abril representou o maior resultado mensal registrado pelo Tesouro em 2025 até agora. Economistas apontam que esse tipo de desempenho reforça a capacidade dos EUA de administrar sua dívida, embora ainda haja incertezas quanto ao restante do ano.

Saldo anual continua negativo

Apesar do desempenho positivo em abril, o saldo acumulado no ano fiscal segue negativo. Entre outubro de 2024 e abril de 2025, o governo dos EUA registrou um déficit de US$ 855 bilhões, valor superior aos US$ 925 bilhões observados no mesmo intervalo de 2023. Esse resultado representa uma leve melhora, mas ainda preocupa analistas financeiros.

Boa parte do déficit anual acumulado decorre de aumentos em gastos militares, subsídios agrícolas e programas de saúde, que seguem com grande peso no orçamento federal. Embora a arrecadação venha melhorando, ela ainda não compensa os compromissos já assumidos para o ano fiscal em curso.

Nesse contexto, o superávit de abril representa uma trégua momentânea dentro de um cenário fiscal ainda pressionado. O Departamento do Tesouro destacou, contudo, que esse avanço ajuda a diminuir o ritmo de crescimento da dívida pública, mesmo que de forma temporária.

Por isso, os especialistas avaliam que o governo deverá manter a cautela em suas decisões orçamentárias até o final do ano. O foco agora é encontrar equilíbrio entre incentivo à economia e responsabilidade fiscal, especialmente em um ambiente de juros ainda elevados.

Contexto político e projeções futuras

Nos bastidores de Washington, o resultado de abril fortalece o discurso do governo em relação à responsabilidade fiscal. A administração defende que seus esforços de aumento de impostos sobre grandes fortunas e empresas, além do corte em programas considerados ineficientes, vêm surtindo efeito.

No entanto, a oposição segue criticando os níveis de endividamento e pressionando por cortes mais profundos nas despesas públicas. Esse embate entre aumento de receita e controle de gastos deve se intensificar.

A projeção do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) para o fim do ano fiscal ainda indica um déficit superior a US$ 1,5 trilhão, o que exige atenção do mercado e das agências de classificação de risco. Embora o desempenho de abril seja positivo, ele não altera substancialmente a tendência do ano, mas serve como alívio temporário em meio às incertezas.

Diante desse cenário, os Estados Unidos ainda enfrentam o desafio de compatibilizar crescimento econômico, estabilidade fiscal e confiança dos investidores. Como consequência, os próximos meses serão cruciais para definir o rumo das contas públicas e os impactos sobre a política monetária do Federal Reserve.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.