China decepciona

Suzano enfrenta desafios com mudanças na demanda chinesa

A gigante brasileira de celulose vê mudanças no mercado global com a crescente produção local na China e aumento da oferta.

Suzano enfrenta desafios com mudanças na demanda chinesa
  • A China investe na produção própria de celulose, reduzindo a demanda pela celulose de fibra curta da Suzano
  • O aumento da produção de celulose na América do Sul pode levar à superação da demanda até 2028
  • A Suzano, com baixo custo de produção, pode se beneficiar em um mercado com preços mais baixos e concorrência mais forte
  • A Suzano foca no crescimento no mercado de embalagens nos EUA, mas adota cautela em aquisições

Nos últimos anos, o aumento da demanda por papel higiênico na China foi um dos principais motores do crescimento da Suzano. Ainda, consolidando a empresa como a maior exportadora mundial de celulose.

A companhia brasileira se beneficiou de uma forte demanda chinesa, especialmente por celulose de fibra curta, um dos seus principais produtos. No entanto, o cenário está começando a mudar, desafiando a estratégia de expansão da Suzano e a dinâmica do mercado global de celulose.

Mudança no comportamento da demanda chinesa

Fabricantes de papel higiênico na China começaram a investir na produção própria de celulose. Ainda, o que está reduzindo a dependência do país pela importação do produto. A celulose de fibra curta, que a Suzano oferece em grande escala, está vendo uma diminuição na demanda por parte desses fabricantes, que agora buscam autonomia na produção de matéria-prima. Esse movimento impacta diretamente os negócios da Suzano, já que a China responde por cerca de 40% das suas vendas.

A empresa enfrenta agora um cenário mais desafiador, com a previsão de que a oferta global de celulose ultrapasse a demanda até 2028. O aumento da capacidade de produção em países da América do Sul, como o Brasil, contribui para essa saturação do mercado, o que pode resultar em preços mais baixos e margens menores para as exportadoras.

“Qualquer novo projeto de investimento em celulose enfrentará um cenário mais desafiador”, afirmou Leonardo Grimaldi, vice-presidente executivo da Suzano para comercialização e logística de celulose.

Expansão no Brasil e desafios futuros

A Suzano recentemente inaugurou sua maior fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul, uma planta projetada para produzir a matéria-prima a partir de florestas plantadas, que necessitam de um ciclo de sete anos para crescer. Apesar da expansão, a empresa agora se vê diante de um dilema.

O potencial retorno de novos investimentos em celulose pode ser mais baixo, dado o cenário de excesso de oferta e preços em queda. A Suzano precisa considerar cuidadosamente o momento de novos investimentos em um mercado que está se tornando cada vez mais competitivo e saturado.

Apesar das dificuldades, a Suzano acredita que ainda existem oportunidades. A empresa tem um custo de produção relativamente baixo, o que pode torná-la mais competitiva em um cenário de preços reduzidos.

Além disso, um ambiente de preços mais fracos pode levar concorrentes com custos mais altos a fechar fábricas, o que abriria espaço para a Suzano expandir ainda mais sua presença no mercado global.

Perspectivas e possíveis aquisições

Embora a Suzano tenha enfrentado uma tentativa frustrada de aquisição da International Paper Co. no início deste ano, a companhia não descarta aquisições menores, especialmente no mercado de embalagens.

Fabio Almeida de Oliveira, vice-presidente executivo de papel e embalagens da Suzano, afirmou que a empresa continua interessada em crescer no mercado de embalagens nos Estados Unidos, onde vê oportunidades tanto para investimentos orgânicos quanto para fusões e aquisições.

No entanto, a Suzano também adotou uma postura cautelosa. João Alberto Abreu, CEO da empresa, afirmou que a companhia não realizará nenhuma fusão ou aquisição “transformadora” no curto prazo.

Esse enfoque mais cauteloso reflete as incertezas do mercado global de celulose e a necessidade de avaliar as condições econômicas antes de tomar decisões estratégicas.

O futuro da Suzano

A Suzano se encontra em um momento de transição, onde deve ajustar sua estratégia para continuar dominando o mercado global de celulose. A empresa ainda possui vantagens competitivas significativas, como seu baixo custo de produção e a capacidade de adaptação a um mercado em mudança.

No entanto, a crescente concorrência, especialmente da China, e a saturação da oferta global exigem que a Suzano seja ágil e estratégica para garantir que continue prosperando em um cenário econômico mais desafiador.

Se a Suzano for capaz de ajustar suas operações à nova realidade do mercado e aproveitar as oportunidades certas, ela pode continuar sendo uma potência no setor de celulose por muitos anos.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.