
- Lula considera nomear Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência na reforma ministerial.
- Nomeação fortaleceria o elo entre o governo e movimentos sociais, além de ampliar o capital político do PSOL.
- Decisão pode impactar diretamente a candidatura de Boulos à prefeitura de São Paulo e ampliar sua projeção nacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda nomear o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência, cargo estratégico na articulação entre o governo e os movimentos sociais. A eventual escolha, que integra os planos da reforma ministerial prevista para os próximos meses, busca ampliar o diálogo com a base progressista e fortalecer o eixo político do terceiro mandato petista.
Nome de confiança para reaproximação
O nome de Boulos surgiu como uma opção viável e simbólica para reforçar o contato direto com a militância e com setores sociais historicamente ligados à esquerda. Lula, que já manifestou apreço pessoal pelo deputado, reconhece sua habilidade em dialogar com movimentos populares e sua capacidade de ocupar espaços com legitimidade. Segundo fontes próximas ao Planalto, o presidente vê a nomeação como uma ponte estratégica entre o Executivo e as ruas.
O cargo de secretário-geral tem importância política significativa. Embora não detenha funções operacionais, influencia diretamente o tom das relações institucionais. Nesse sentido, Boulos pode imprimir uma nova dinâmica ao cargo. Sua trajetória no MTST e seu desempenho eleitoral em São Paulo credenciam-no a falar com diferentes públicos, inclusive jovens urbanos e periferias.
O governo avalia que precisa renovar os canais com setores populares, especialmente após episódios de desgaste com representantes sindicais e lideranças regionais. Com Boulos no cargo, Lula poderia suavizar ruídos e fortalecer sua base entre movimentos organizados que pedem mais protagonismo no governo. Essa aproximação também se alinha com o projeto político do PSOL, que busca ampliar sua influência nacional sem romper com o petismo.
Cálculos políticos e ambições futuras
Apesar das tratativas, Boulos ainda não respondeu formalmente à sondagem. Entretanto, aliados próximos afirmam que o convite teria peso, já que fortalece sua visibilidade nacional e o insere no núcleo estratégico do Planalto.
Nesse cenário, com presença no Executivo federal, ele ganharia musculatura institucional e experiência administrativa durante sua passagem.
Além disso, a escolha de Boulos traria um gesto importante ao PSOL, partido que integra a base aliada, mas que até agora ocupa apenas espaços periféricos na máquina federal.
Desse modo, Lula sabe que precisará consolidar essa aliança, especialmente em votações sensíveis no Congresso. Portanto, oferecer um posto estratégico ao psolista também responde a uma lógica de manutenção da governabilidade.
Reações no governo e entre movimentos
Dentro do governo, setores mais moderados avaliam a possível nomeação com cautela. Alguns ministros temem que a entrada de Boulos em uma posição de articulação acirre tensões com o Centrão, que ainda pressiona por mais espaço. No entanto, Lula tem afirmado que deseja manter o equilíbrio político, sem abrir mão de fortalecer seu campo progressista.
Movimentos sociais, por outro lado, reagiram com entusiasmo à possibilidade. Lideranças do MST, da UNE e de coletivos urbanos afirmam que Boulos representa uma figura de escuta ativa e compromisso real com pautas históricas. Para eles, sua eventual presença no Planalto simbolizaria não apenas reconhecimento, mas também disposição do governo em agir com mais firmeza em agendas sociais.
A sociedade civil organizada, que vinha demonstrando certo distanciamento da gestão federal, vê nessa aproximação uma oportunidade de retomada do protagonismo popular nas decisões estratégicas. Com isso, o governo reforçaria sua imagem entre grupos que foram essenciais nas vitórias eleitorais de 2022.