
- Nova empresa da Visa; A Visa Conecta foi criada no Brasil para atuar como iniciadora de pagamentos via PIX.
- Pagamento em um clique; O foco está na nova jornada sem redirecionamento, que promete maior conversão no ecommerce.
- Plano de longo prazo; A Visa pretende ampliar a atuação da Conecta para outros produtos de open finance.
Em uma ofensiva estratégica para além dos cartões, a Visa anunciou a criação da Visa Conecta, nova empresa no Brasil dedicada a operar como iniciadora de pagamentos no sistema PIX. Assim, a iniciativa marca a entrada da gigante global no mercado que mais cresce no país e visa transformar a experiência de compra online com o PIX em apenas um clique.
Nova fase: da bandeira ao open finance
A movimentação da Visa faz parte de um plano global para se posicionar como empresa de tecnologia em movimentação financeira. Nesse contexto, o lançamento da Visa Conecta representa a aposta em soluções ligadas ao open finance, que superam o modelo tradicional baseado em cartões de crédito e débito.
Além disso, a nova empresa funcionará como uma instituição de pagamento, com foco inicial na iniciação de transações via PIX. Para isso, a Visa já solicitou ao Banco Central, em novembro do ano passado, a licença como ITP (Iniciador de Transações de Pagamento). Logo, a expectativa é que a autorização seja concedida até novembro deste ano.
Entretanto, a operação da Visa Conecta deve começar antes mesmo da licença. Sendo assim, a empresa planeja iniciar as atividades em setembro, por meio de uma parceria com a Celcoin, que já possui a infraestrutura e as permissões necessárias. Desse modo, mesmo usando a base de outro player, a Visa garantirá experiência e tecnologia próprias ao cliente final.
PIX em um clique: menos fricção, mais vendas
O principal gatilho para a entrada da Visa nesse mercado foi a mudança anunciada pelo Banco Central em fevereiro: o lançamento da jornada de pagamento sem redirecionamento no PIX. A nova funcionalidade permite que consumidores façam compras com um único clique, sem sair do site ou aplicativo da loja.
Hoje, ao escolher o PIX, o consumidor precisa copiar um código ou escanear um QR Code, abrir o app do banco e finalizar a transação. Nesse processo, qualquer distração pode interromper a compra. Com a jornada sem redirecionamento, tudo acontece de forma mais fluida — desde que o cliente já tenha vinculado sua conta bancária ao ecommerce.
“Quase todos os nossos clientes relataram que o maior obstáculo é a conversão”, afirmou Leonardo Enrique, que comandará a Visa Conecta. Ele explicou que a nova tecnologia pode evitar desistências comuns durante o processo de pagamento. Segundo ele, embora não haja dados exatos sobre o impacto da jornada atual, a percepção é de que há perda real de vendas.
Estratégia, tecnologia e expansão futura
Para viabilizar a Visa Conecta, a empresa utilizará a tecnologia da Tink, empresa europeia de open banking adquirida pela Visa há três anos. A Tink é hoje referência no setor e será a base da solução desenvolvida no Brasil. Leonardo, que ingressou na Visa justamente para estruturar a área de open finance, destacou que o novo serviço é só o começo.
A Visa Conecta ficará sob o guarda-chuva da Visa Inc., e não da Visa Brasil. Essa separação ocorre por exigência regulatória, já que o Banco Central proíbe que uma instituição de pagamento e um instituidor de arranjos de pagamento compartilhem a mesma estrutura societária.
Além da iniciação de pagamentos via PIX, a nova empresa deve lançar, futuramente, outras soluções ligadas ao open finance. Portanto, a Visa pretende tornar a Conecta um braço relevante em termos de capilaridade e receita dentro da sua estrutura global.