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A pandemia do novo coronavírus agravou a desigualdade na sociedade brasileira, aprofundando os dificuldades e obstáculos para a inserção no mercado de trabalho, principalmente para os segmentos mais vulneráveis.
O empreendedorismo, como alternativa para garantir a sobrevivência e o sustento, possibilitou também o surgimento de diversos projetos protagonizados por empreendedoras e empreendedores negros.
Há alguns anos, tenho assessorado encontros para as Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira, no município de Eldorado, no sul de São Paulo. O Vale do Ribeira possui uma enorme diversidade socioambiental, tendo recebido da Unesco o título de Reserva da Biosfera, Patrimônio Natural da Humanidade.
Nas conversas que tive com os quilombolas, sempre chamou a minha atenção o forte sentimento de respeito e orgulho pela história e a consciência de que a sobrevivência da Comunidade depende da manutenção dos costumes tradicionais, como o trabalho em mutirão, as trocas, as roças familiares, as danças e os festejos no final do trabalho.
Atualmente, contam com assessoria especializada para garantir uma produção sustentável, mas sem abdicar do seu protagonismo. Desta forma, os quilombolas do Vale do Ribeira nos oferecem um exemplo de empreendedorismo, que costumo qualificar como “empreendedorismo de resistência”.
Antonia Quintão é professora no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), vice-presidente no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e assessora na área de Diversidade Étnico-Racial nas Organizações.
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