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Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que ocorrerá hoje (21/06), há uma expectativa de que a taxa básica de juros, a Selic, seja mantida em 13,75%, mesmo patamar adotado desde agosto do ano passado. No entanto, muitos economistas acreditam que o Copom sinalizará pela primeira vez a possibilidade de corte da Selic em breve.
Embora a maioria dos analistas espere um início de flexibilização já na reunião de agosto, com um corte de pelo menos 25 pontos-base, o Banco Central deve comunicar essa intenção de forma implícita, sem se comprometer formalmente com os cortes.
Um possível modelo de comunicação que poderia ser adotado é o utilizado em 2016. Naquela ocasião, os juros começaram a cair em outubro, mas o BC deu os primeiros sinais de mudança na reunião de 31 de agosto.
Naquela reunião, o Copom manteve a taxa em 14,25% ao ano, mas acrescentou na declaração que “uma flexibilização das condições monetárias” dependeria de fatores que permitissem maior confiança no alcance das metas de inflação. Até então, o BC afirmava que o balanço de riscos indicava “não haver espaço para flexibilização da política monetária”.
Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest, acredita que esse modelo de comunicação possa ser usado como referência na reunião desta quarta-feira. No entanto, ela também espera que o BC adicione alguns elementos “hawkish” (mais conservadores em relação à inflação) na declaração e na ata, reforçando que as decisões futuras dependerão dos dados econômicos. Segundo a economista, as expectativas de inflação ainda estão desancoradas.
De acordo com o Boletim Focus divulgado na segunda-feira (19), a mediana do IPCA para o próximo ano está em 4,0%, enquanto a meta de inflação é de 3%. As projeções para 2025 e 2026 estão em 3,80%.
Mirella Hirakawa ressalta que a melhora no cenário econômico desde a última reunião do Copom não oferece oportunidade para uma redução dos juros a partir de junho. Ela atribui a queda recente das expectativas de inflação a um choque temporário de inflação mais baixa no curto prazo. A economista vê espaço para uma reancoragem das expectativas caso o Conselho Monetário Nacional (CMN) confirme a meta de 3% para a inflação em sua reunião no final de junho.
A expectativa é que o BC retire do comunicado a parte em que menciona que “não hesitará em retomar o ciclo de alta de juros”. Isso ocorre porque, no momento atual, o risco de surpresas de inflação acima das expectativas é menor do que uma inflação um pouco abaixo das expectativas. Além disso, espera-se que a autoridade monetária também retire a declaração sobre a necessidade de “manutenção da taxa de juros por um período prolongado”.
Apesar de algumas expectativas de corte de juros a partir de agosto, os economistas não acreditam que o Copom estabelecerá uma data específica para iniciar a flexibilização. O BC provavelmente aguardará uma reancoragem das expectativas de inflação antes de tomar medidas concretas nessa direção.
Dessa forma, há uma chance de o BC manter a descrição de um cenário alternativo, de manutenção dos juros por mais tempo, embora com menor probabilidade. Isso indicaria que o BC está “dependente dos dados” para suas decisões futuras, mas ainda adotando uma postura mais conservadora em relação à inflação.
Diversos bancos e instituições financeiras concordam que o Copom deve afirmar que considera adequada a manutenção da taxa de juros no momento atual, mas também sinalizar que há espaço para uma redução nas próximas reuniões.
No geral, os economistas acreditam que o Copom não irá se comprometer com um corte imediato, mas deixará a porta aberta para flexibilizações futuras. A expectativa é que o BC reconheça os avanços recentes na economia, como o crescimento do PIB e a queda da inflação corrente, e faça projeções mais favoráveis para a inflação no futuro, abrindo caminho para possíveis cortes de juros a partir de agosto ou em um futuro próximo.
O palpite do Guia do Investidor
A redação do Guia do Investidor aposta em uma continuidade da taxa de 13,75% a.a devido as recentes expectativas da economia brasileira. Apesar da efetividade do alto ciclo de juros no combate a inflação, refletido nos principais indicadores, o comitê deve optar por manter o ciclo por mais algum tempo, enquanto garante a continuidade a efetividade do combate a inflação. Assim, sinalizando na ata desta semana, que cogita iniciar o “afrouxamento” do ciclo em sua próxima reunião.
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