Continua após o anúncio
No dia 30 de outubro, acontece o segundo turno das eleições presidenciais entre Lula e Bolsonaro. Na noite do último domingo, primeiro turno das eleições, com 99% das urnas apuradas, enquanto Lula teve 48,43% dos votos, Bolsonaro somou 43,20% dos votos. Os números mostraram um ambiente bem dividido e polarizado no Brasil. O PL, partido de Bolsonaro, elegeu oito senadores e, com isso, terá a maior bancada do Senado em 2023. O partido também elegeu a maior bancada na Câmara dos Deputados.
Como o mercado financeiro vê esse resultado? O resultado promete deixar a bolsa ainda mais volátil no mês de outubro?
No dia seguinte ao segundo turno, a bolsa reagiu para cima. O Ibovespa avançou 5,54%, na maior alta desde 2020.
“Os juros caíram forte, na minha opinião, por conta da composição da Câmara e do Senado. Ficou claro que vamos ter uma oposição muito forte travando qualquer atitude mais drástica em relação à parte fiscal e às contas do país. Por isso, acho que o mercado tirou esse risco aí da parte longa da curva”, explica Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed.
“As empresas correlacionadas a juros do setor interno como varejo, construção civil e estatais estão com desempenho muito forte, influenciadas pela queda nas taxas”.
Apesar do otimismo no dia posterior ao primeiro turno, o mês de outubro pode ser de bastante volatilidade, segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
“Todo cenário de incerteza, ainda mais indo para o segundo turno, traz instabilidades e, muitas vezes, queda na bolsa. O mercado já precificava uma vitória do Lula. Diversos players me confidenciaram que era certa a vitória do Lula, talvez já no primeiro turno. Com o Bolsonaro mostrando força, essa semana promete. Bolsa deve ficar bem volátil”, comenta Cohen.
Pedro Menin, sócio-fundador da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, concorda e acredita que o mercado deve reagir com bastante volatilidade a cada pesquisa e debate deste segundo turno. E ficar de olhos nos próximos passos de Lula.
“Não sendo eleito no primeiro turno, o ex-presidente precisa conquistar votos. E para isso, deverá revelar mais pontos do seu plano de governo, até então quase que secreto, e nomear um possível ministro da Economia mais aceito pelo mercado. Henrique Meirelles pode ser uma opção. Eram esses os grandes medos do mercado até a votação final: a incerteza e o desconhecimento da equipe de ministros de Lula. E com o cenário desenhado hoje, os dois pontos tendem a se amenizar nas próximas semanas“, diz.
Segundo Menin, o segundo turno está em aberto. “Embora Lula tenha levado o primeiro turno, é importante notar que mais de 30 milhões de pessoas não votaram e outras 5 milhões votaram em branco ou nulo. Alguns institutos de pesquisa devem perder credibilidade neste segundo turno, mas é muito difícil acreditar que perderão seu poder de influência. O mercado vai reagir a essas pesquisas ao longo de outubro, mas muito mais aos debates e, principalmente, reagirá às manifestações de apoio dos senadores, governadores e deputados já eleitos“, comenta.
Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, acredita que Lula ainda é muito lembrado pelos auxílios e Bolsonaro precisa divulgar mais iniciativas populares nesse mês que antecede o segundo turno para angariar mais votos.
De acordo com Labarthe, Lula ainda é muito lembrado pelos auxílios.
“Quem fará a diferença nessa corrida de votos para o segundo turno é quem focar em falar de incentivos do estado. Estamos falando de mais de 70% dos brasileiros que vivem entre 1 a 2 salários mínimos, que são o poder votante em um país cheio de diferenças sociais. Estes se identificam com quem pode auxiliar em suas necessidades básicas e Bolsonaro precisa se aproximar mais dessa classe“, afirma.
Follow @oguiainvestidor
DICA: Siga o nosso canal do Telegram para receber rapidamente notícias que impactam o mercado.