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Sem entrega ou apenas “no PIX”: fornecedores mudam abordagem com Americanas para evitar novos calotes

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Uma parcela dos fornecedores da Americanas SA (AMER3) vem suspendendo vendas à empresa ou exigindo pagamento à vista para manter a entrega de mercadorias, informa O Globo. Além da rede de 3.600 lojas em todo o país, a varejista mantém um marketplace com 150 mil vendedores cadastrados. Segundo o jornal, a relação com fabricantes de eletroeletrônicos está paralisada deste a quinta-feira da semana passada, um dia depois do estouro da crise.

Na ausência de uma sinalização de aporte pelo trio da 3G Capital – Jorge Paulo Lemman, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, acionistas de referência da companhia, muitas empresas resolveram parar de entregar mercadorias. Grandes fabricantes de produtos vendidos pela Americanas não têm conseguido obter linhas de crédito junto aos bancos para antecipar recursos de pagamento por vendas feitas à companhia. Sem essa garantia bancária, afirma um empresário, o risco recai sobre quem vende para a Americanas, o que impacta diretamente os maiores fornecedores.

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O que aconteceu com a Americanas?

A Americanas está enfrentando aquele que provavelmente será o maior escândalo da bolsa da decáda. A companhia iniciou seu “highway to hell” após informar o mercado que inconsistências bancárias revelarem um rombo de R$ 20 bilhões para empresa, e que pode até mesmo dobrar segundo algumas estimativas.

Segundo o já “ex-CEO” Sérgio Rial, a companhia cresceu muito rápido e, para se financiar – principalmente na operação digital –, a Americanas antecipava pagamentos para fornecedores contratando dívida com os bancos – uma operação comum, conhecida como “risco sacado”.

Nesse tipo de transação, o banco compra com deságio a dívida da empresa com o fornecedor. Depois de um prazo estipulado, a companhia tem que pagar o banco (e não mais o fornecedor).

Essas transações deveriam ter sido contabilizadas como dívida bancária, uma vez que a Americanas tinha que pagar ao banco, mas, segundo Rial, a dívida era contabilizada como “conta de fornecedores”.

“É como você pagar um produto de R$ 10 à vista por R$ 9 utilizando o dinheiro do banco, pagar o banco a prazo por R$ 9,50 e contabilizar apenas R$ 9. Isso é computado como se fosse uma dívida com o dono da loja do produto, e não com o banco — o que incorre em despesas de juros ao longo do tempo”, explica a analista de ações da Nord Research, Danielle Lopes.

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Rial estima que os impactos dessas inconsistências sejam de R$ 20 bilhões, mas o mercado teme que a auditoria externa confirme uma alavancagem ainda maior.

Todo o entusiasmo dos operadores com os últimos dados se converteu em debandada e diversas dúvidas sobre o futuro da empresa.

Antes da notícia, os papéis da companhia vinham de 42% de valorização no período de um mês por conta do otimismo com a nova gestão, tocada por Rial. 

Com queda de -77%, a Americanas perdeu R$ 8,4 bilhões em valor de mercado após rombo bilionário.

Victor Bueno, analista de Small Caps da Nord Research, acredita que, para aqueles que já estão posicionados nas ações, antes de vender é melhor aguardar por sinalizações mais concretas sobre o que vai ser feito pela companhia para contornar esse grande rombo bilionário. 

Mas, ao mesmo tempo, não é momento para comprar novas ações ou abrir posição (para os que não são acionistas) em AMER3 apenas porque os papéis apresentaram essa grande queda ontem. 

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“É importante ressaltar que as oportunidades não surgem somente pela desvalorização de uma ação, mas sim pelo conjunto de fatores: bons fundamentos da empresa + preço adequado de seus papéis”, afirma.

Pensando a longo prazo, o foco do investidor deve ser em companhias resilientes e que podem continuar entregando crescimento apesar do cenário — ainda mais em um setor desafiador como o varejo no país. 


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