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Os economistas do Banco Original — Marco Caruso (economista-chefe), Lisandra Barbero e Eduardo Vilarim — publicaram uma análise sobre o desempenho do comércio varejista.
O comércio varejista brasileiro desacelerou 3,0% na comparação interanual de dezembro, o equivalente a uma queda de 0,2% em relação ao mês anterior, na série livre de efeitos sazonais, e um aumento de 1,4% em 2021.
Já o varejo ampliado, que inclui também os segmentos de veículos e materiais de construção, contraiu 2,7% na comparação do mesmo período, o equivalente a uma alta de 0,3% ante novembro. O resultado veio exatamente em linha com as expectativas (-0,1% m/m) mas acima da mediana do mercado (-0,5% m/m).
Assim como na Black Friday de novembro, esperávamos uma perda de ímpeto em relação ao volume de vendas em dezembro (quando ocorrem as festas de fim de ano) quando comparado a 2020.
Na margem, os segmentos apresentaram um resultado bastante heterogêneo: do lado negativo, destacamos a queda dos supermercados, outros artigos e materiais de construção. Do outro, temos o aumento da venda de veículos, artigos farmacêuticos e eletrodomésticos.
No geral, a queda no volume de vendas reforça o entendimento de que os custos ainda seguem pressionados devido a inflação elevada e a alta da Selic, que reduz o crédito disponível. Entendemos também que este cenário, alinhado a queda do rendimento médio efetivo do trabalho (como demonstram os dados da PNAD), reduz a renda disponível do consumidor, que por sua vez tem demandado cada vez mais serviços presenciais em detrimento de bens.
Detalhes
Em dezembro, os segmentos apresentaram um resultado bastante heterogêneo: do lado negativo, destacamos a queda dos supermercados e outros artigos de uso pessoal e doméstico.
Do lado positivo, temos o aumento do volume de tecidos, artigos farmacêuticos e eletrodomésticos. De um modo geral, houve um aumento das vendas de bens não-duráveis (0,8% m/m), enquanto semiduráveis (-5,2% m/m) e duráveis (-0,1% m/m) contraíram na margem.
Na série ampliada, a principal frustração veio dos materiais para a construção civil, que contraíram 1,4% ante novembro.
A venda de veículos, por outro lado, avançou 1,2% em dezembro, dados que são reforçados pelos números divulgados pela Fenabrave (7,89% m/m) sobre automóveis e comerciais leves licenciados no período e chamam a atenção em um ambiente de juros mais altos e queda nas concessões de crédito.
Por fim, quando observamos a receita, o impacto das pressões inflacionárias se torna mais evidente: se por um lado, o varejo ampliado recuou 2,8% frente a dezembro de 2020, a receita avançou 10,39% no mesmo período.
Assim como na Black Friday de novembro, esperávamos uma perda de ímpeto em relação ao volume de vendas de dezembro (quando ocorrem as festas de fim de ano) em termos interanuais, isso é, quando comparados a 2020.
No geral, a queda no volume de vendas reforça o entendimento de que os custos ainda seguem pressionados devido a inflação elevada e a alta da Selic, que reduz o crédito disponível.
Entendemos também que este cenário, alinhado a queda do rendimento médio efetivo do trabalho (como demonstram os dados da PNAD), reduz a renda disponível do consumidor, que por sua vez tem demandado cada vez mais serviços presenciais em detrimento de bens, cenário que deve se manter no início de 2022, ano em que projetamos um crescimento de 0,5% para a atividade econômica, considerando, sobretudo, a presença de itens mais da economia, como os gastos governamentais. Aqui, o único fator que poderia auxiliar o varejo de alguma forma é o Auxílio Brasil, da ordem de R$ 90 bilhões.
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