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Para que o mundo possa atingir as metas de redução da emissão de gases de efeito estufa propostas pela ONU e reduzir o aquecimento global, é necessário que todas as empresas estejam engajadas em buscar soluções e processos mais sustentáveis, que façam uso mais racional dos recursos naturais, reduzam o consumo de energia ou procurem por alternativas provenientes de fontes renováveis mais eficientes.
No caso de transações digitais, a segurança e a rastreabilidade conferidas pela tecnologia blockchain às operações no mercado financeiro e de criptomoedas tornaram a tecnologia atraente para outros setores.
Contudo, a blockchain ainda é considerada por muitos como uma vilã sob o aspecto de consumo energético, e ganhou essa fama por conta da infraestrutura necessária para que ela opere.
Estimativas atuais apontam que o processo de mineração da operação da rede da Bitcoin, uma das muitas criptomoedas existentes, consome cerca de 91 terawatts-hora de energia anualmente, eletricidade equivalente à consumida pela Finlândia, país nórdico com uma população de 5,5 milhões de habitantes.
Isso ocorre porque a validação de cada transação é um processo disputado por um grande número de computadores que compõem um determinado ecossistema, com o objetivo de assegurar que aquela transação que está sendo solicitada é verdadeira, e será gravada na blockchain (ledger).
Como esses registros devem ser validados, compartilhados e registrados de forma permanente com todo o ecossistema, isso requer uma capacidade enorme de processamento, o que, por sua vez, demanda energia.
Para algumas aplicações, entretanto, é possível contar com o mesmo grau de confiabilidade para a validação de registros sem que seja necessário acionar toda uma infraestrutura de processamento gigantesca exigida no processo de mineração, no que vem sendo chamado de “blockchain verde”.
O ponto de partida desse modelo de consentimento, que tem os usuários como os donos dos dados, é que as transações só precisam ser validadas entre as partes efetivamente envolvidas, sem a necessidade de um consenso global distribuído, que envolve um número enorme de servidores, requer operações algorítmicas complexas e um volume gigantesco de processamento de dados, consumindo grandes quantidades de energia desnecessariamente.
A blockchain verde pode ser aplicada, com sucesso, em áreas como entretenimento, games, saúde, educação, sustentabilidade, órgãos públicos e, acredite, até mesmo nos leilões online.
Especificamente nos leilões online, as transações acontecem em ambientes privados, em um sistema de assinaturas digitais e de consentimento no qual apenas as partes diretamente envolvidas na operação irão trocar dados e registros.
Nesse modelo, o consenso acontece somente entre as partes interessadas na transação que está sendo realizada — neste caso, as plataformas da rede, o vendedor, o leiloeiro e o comprador —, eliminando a dispendiosa mineração, o que faz com que o registro dos dados na blockchain demande uma quantidade de energia muito menor, sem abrir mão de todos os benefícios que ela proporciona, além de ser um processo mais inteligente e inovador, leve e escalável.
Ao permitir a criação de um ambiente de negociações e transações de ponta a ponta mais seguras, autênticas, neutras, confiáveis e acessíveis, a blockchain verde funciona como um cartório digital, trazendo confiança, segurança e transparência a respeito das informações, ao mesmo tempo que é energeticamente muito eficiente e sustentável e tão segura quanto uma rede blockchain precisa ser.
(*) Ronaldo Sodré Santoro é fundador e Head de Produtos Digitais e Tecnologia da rede Bomvalor
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