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Os problemas econômicos estão explodindo na terra do tio Sam. Com a alta da inflação americana e a consequente alta dos juros no país do sonho americano, as expectativas não são as melhores (e não devem melhorar tão cedo).
A Oaktree, uma das gestoras de recursos mais respeitadas do mundo, vê a economia americana entrando numa “recessão moderada”. Na opinião da gestora, esta deve ser a consequência do aumento de juros necessário para conter o maior movimento inflacionário em 40 anos.
Durante um evento fechado para investidores em São Paulo, David Rosenberg, co-gestor da estratégia de crédito global da Oaktree, disse que não espera ver uma grande quantidade de empresas entrando em default, como costuma acontecer em recessões. Para ele, as companhias, de maneira geral, estão capitalizadas e não precisam de dinheiro novo – a maioria aproveitou os juros baixíssimos dos últimos dois anos para refinanciar dívidas e alongar prazos.
O resultado é que menos de 10% das dívidas corporativas vencem no curto prazo.
“É diferente do que aconteceu na crise de 2008, quando as empresas precisavam de dinheiro e o mercado estava fechado”, afirmou Rosenberg, de acordo com pessoas que participaram do evento.
Com cerca de US$ 170 bilhões sob gestão, a Oaktree forma sua visão da economia a partir das empresas em que investe ou pretende investir. As conversas mais recentes mostram que muitas companhias americanas vêm cortando custos porque não têm conseguido repassar os aumentos aos consumidores. Além disso, estão tentando montar cadeias locais de suprimentos – um reflexo da ‘desglobalização’, da covid e da guerra da Ucrânia.
Já para o Piper Sandler, um banco de investimentos americano, o mercado acionário deve continuar em queda pelo menos até 2023. O analista Michael Kantrowitz disse ter “uma tonelada de convicção” de que o low da bolsa virá apenas no próximo ano, segundo um relatório do banco obtido pela CNBC.
Na mesma linha, o Morgan Stanley prevê que o S&P 500 cairá para o intervalo entre 3.700 e 3.800 pontos nos próximos meses e estará em torno de 3.900 pontos daqui a um ano – pouco abaixo dos 3.935 pontos do fechamento de hoje. O motivo do pessimismo são as dúvidas sobre o que será da economia americana – e dos resultados das empresas – em meio ao aumento dos juros. Kantrowitz lembra que tradicionalmente existe um delay entre o aumento das taxas e seus efeitos em índices de atividade como os PMIs.
Para ele, esses índices não devem bater seu ponto mais baixo até a metade de 2023. Nesse meio-tempo, o mercado vai especular se o Federal Reserve está acertando ou errando a mão, e essa incerteza vai deixar as bolsas voláteis, com viés de baixa.
“Uma das marcas registradas desse ciclo deve ser a elevada incerteza sobre a economia e os resultados das empresas”, disse o Morgan Stanley, segundo a CNBC.
As ações de tecnologia estão entre as maiores quedas das bolsas no ano, e a Apple perdeu hoje o posto de maior empresa de capital aberto do mundo. O papel caiu 5%, reduzindo o valor de mercado da empresa para US$ 2,37 trilhões. Agora a maior companhia listada é a Saudi Aramco, com um valor de mercado de US$ 2,43 bilhões.
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