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Os acionistas da Saraiva (SLED3; SLED4), em recuperação judicial, aprovaram em assembleia realizada hoje o aumento de capital da companhia no valor de R$ 35,44 milhões, por meio da emissão de 7,8 milhões de ações PN, com preço médio de emissão de R$ 4,53. Assim, o capital social da Saraiva passará de cerca de R$ 302 milhões para R$ 337,4 milhões, distribuídos entre 9,6 milhões de ações (671 mil papéis ON e 8,9 milhões de PN).
A RJ da Saraiva
Saraiva (SLED3), que está em Recuperação Judicial, possuía, até maio, um saldo negativo de R$ 520,9 milhões, em seu patrimônio líquido. Conforme dados demonstrados no relatório.
Sobretudo, vale informar que o Plano de Recuperação Judicial da Companhia foi homologado pelo judiciário em abril de 2022.
Conforme termos da inicial do plano, distribuída em novembro de 2018, o valor total da dívida, à época, era em torno de R$ 700 milhões.
No entanto, a rede de livrarias parece ter finalmente superado este ponto e está almejando novos ares.
Afinal, a Saraiva conseguiu fechar um acordo com seus credores e agora quer voltar às origens. Nada mais de megastores: o foco da empresa voltará a ser em lojas de tamanho médio que vão vender apenas livros e artigos de papelaria, o CEO Marcos Guedes disse em entrevista.
“Esse é um mercado que diminuiu de tamanho nos últimos anos por conta das vendas online, mas que ainda é rentável,” disse Marcos. “Basta ver a quantidade de livrarias inauguradas nos últimos anos.”
O plano para voltar a crescer
O plano da Saraiva passa por uma reestruturação. A rede chegou a ter 114 lojas por todo o País. Quando entrou em RJ, em 2018, tinha 80. Hoje são 32 livrarias em 16 estados.
Marcos estima que as maiores livrarias – Travessa, Leitura, Curitiba e Livraria da Vila, que estão em expansão, além da própria Saraiva e da Cultura – somem hoje por volta de ‘200 e poucas lojas’. “Mas todas estão ainda muito concentradas nos grandes centros, o nosso plano é crescer mais em cidades menores, regionalmente,” disse Marcos.
Desse modo, no novo projeto, a Saraiva pretende abrir de 3 a 5 lojas por ano – e com um impulso extra de uma estreia também no formato de franquias.
A RJ da Saraiva
No plano de recuperação judicial aprovado no início de agosto, credores donos de R$ 170 milhões em créditos (30% da dívida) optaram por um haircut de 80% com a conversão dos 20% restantes em ações preferenciais da empresa. Os acionistas devem aprovar a emissão de novas ações preferenciais no valor de até R$ 61 milhões numa assembleia marcada para 28 de setembro.
Metade desse total será entregue aos credores dentro da RJ, e a outra metade para credores de dívidas contraídas depois que a Saraiva entrou nesse processo, as chamadas dívidas ‘pós concursais’.
Além disso, a emissão das novas ações vai mais que dobrar a quantidade de PNs no capital da Saraiva. Para resolver o desenquadramento da proporção de um terço de ONs com dois terços de PNs, a empresa pretende converter todas as suas ações em ordinárias assim que mudar seu estatuto. Quando isso acontecer, a participação da família Saraiva, que tem hoje 52% das ONs e 20% do capital total, será diluída, e a rede de livrarias vai se tornar uma corporation.
A Saraiva retomou sua agenda de eventos e atividades culturais nas lojas para formar novos leitores, e disse que o resultado já está aparecendo: a receita em julho subiu 36% em relação ao mês anterior. A empresa também está reformulando seu ecommerce para servir de apoio às lojas físicas.
Nos últimos 5 anos, a companhia perdeu praticamente a totalidade de seu market value, com uma queda acumulada de 96,98%.
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