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O economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, acredita que o Banco Central dos EUA, o Fed, continuará a subir as taxas de juros para colocar a inflação do país na meta. Ele estima que 2022 se encerrará com cinco ajustes consecutivos de 75 pontos-base nas taxas de juros, com o primeiro acontecendo em junho e o último em dezembro.
“Não vejo um aumento menor que 75 pontos-base em novembro e novamente em dezembro. Podemos também contar com um residual em fevereiro a depender da situação”, afirma.
“Tivemos um Payroll acima das expectativas, o que também preocupa”, acrescenta. A próxima reunião do Fed ocorrerá entre terça e quarta-feira (1 e 2 de novembro).
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) nos Estados Unidos mostrou uma alta anual de 8,2% em setembro, um pouco acima do esperado. Os EUA geraram 263 mil vagas de emprego em setembro, acima das expectativas do mercado apesar da desaceleração em relação a agosto. A taxa de desemprego também surpreendeu ao cair para 3,5% em setembro, sendo que o mercado aguardava uma taxa de 3,7% ao término do mês.
Houve uma mudança de comportamento do Fed em relação a primeira reunião que ajustou as taxas de juros em 0,75 p.p. em junho deste ano. Naquela época, o presidente Jerome Powell havia classificado o reajuste como particularmente alto, e que provavelmente não marcaria o segundo semestre de 2022. Agora, o discurso é outro.
“O discurso que vemos acompanhando nas últimas três reuniões é hawkish, contundente, preocupado, onde falam em aumentar juros o quanto for necessário”, comenta Bertotti.
“Inflação de oferta não se reduz de um mês pro outro. Ela vai continuar preocupando, disseminada. Os EUA vêm numa política contracionista que não pode mudar”.
Para ele, embora a temporada de resultados do país tenha demostrado um cenário um pouco mais otimista que o previsto, não será o suficiente para dizer que o Fed terá uma postura menos contundente. Além disso, outros indicadores, como os dados de construção de novas casas, demonstram um crescimento econômico aquém do esperado.
Os EUA também se preocupam com o cenário geopolítico externo, intensamente impactado pelo conflito na Ucrânia e problemas no mercado energético. Nos últimos meses, o país registrou desacelerações na inflação com a queda do petróleo no mercado internacional, mas isso pode mudar após a recente decisão da Opep+.
O cartel decidiu pelo corte de 2 milhões de barris por dia (bpd) na produção de petróleo, um movimento que tenta estabilizar os preços da commodity e reduzir a oferta do combustível fóssil em 2% no mundo. Isso pode trazer mais pressões sobre a commodity, que chegou a bater US$ 135 por barril na primeira semana de guerra no leste europeu.
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