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Banco Central independente: analistas comentam sobre embate entre Lula e presidente do BC

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No mês de fevereiro, a autonomia do Banco Central no Brasil completa dois anos. A lei que garante independência do órgão foi sancionada pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro, e permite que a instituição defina a taxa de juros Selic atual sem interferências do governo e de forma que a taxa fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. 

Nas últimas semanas, um embate entre Lula e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, deixou o mercado preocupado. O presidente Lula criticou a Selic e afirmou que o Brasil tem cultura de juros altos. Enquanto isso, o presidente do BC reforçou em diversas falas a defesa à independência do BC. Tudo isso adicionou ainda mais volatilidade no mercado.

Apolo Duarte, planejador financeiro e sócio da AVG Capital, comenta que o Banco Central precisa subir os juros para tentar conter o aumento de preços. E, sem o controle da inflação, nenhum país consegue crescer de forma sustentável. Na prática, isso significa manter os empregos e renda conquistados no decorrer dos anos. 

A autonomia do Banco Central é uma conquista positiva para todos os brasileiros no longo prazo, separando a decisão política da decisão técnica. Não podemos correr o risco de que uma decisão técnica seja influenciada pela política. Até porque, senão seria fácil, todo governo quando assumisse era só dar uma canetada e baixar os juros”, salienta o planejador financeiro.

Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, acredita que há uma boa parte do mercado que até concorda com o presidente Lula em relação à taxa Selic estar em um patamar alto, porém ameaçar a independência do Banco Central pode ser um grande erro a ser cometido. 

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“Essa lição já foi aprendida por outros países. Na Turquia, por exemplo, em que há um presidente que quis baixar a taxa de juros a qualquer custo, amarga hoje uma inflação próxima a 80% no ano”, relembra o sócio da Matriz Capital.  

Para Lenon Rissardi, sócio da GT Capital, não há como negar que a taxa de 13,75% é um custo alto para empresários, por exemplo, e prejudica diversas camadas da população, dificultando a tomada de empréstimos e investimentos em empresas.

Baixar os juros em um momento em que o mundo sobe as taxas poderia aumentar o risco de inflação ficar maior ainda, é muito arriscado. O Banco Central não tem um cunho político e essa autonomia é o que faz com que tenhamos, de fato, uma economia real sem vieses políticos, o que é fundamental”, afirma.

De acordo com Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, um Banco Central autônomo significa dizer que tem propriedade para tomar decisões que forem necessárias para cumprir suas metas como a metas de inflação estipulada pelo CMN: “Sabemos que existem efeitos colaterais das medidas e efeitos diretos nas economias. Governos sempre tentaram influenciar nessas decisões de tal maneira a tentar se beneficiar em popularidade mesmo que isso trouxesse efeitos nocivos para a economia. A autonomia do BC é importante justamente por conta da liberdade de se fazer o que precisa ser feito quando for necessário sem nenhum tipo de interferência. O debate é sempre saudável, o que é diferente de um governo querer, por exemplo, que se diminuam os juros a qualquer custo”.

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Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, complementa que a taxa Selic mantida em 13,75% por tanto tempo se dá também por conta de o BC estar prezando pelo controle de risco e segurança. “Quanto maior os juros, a inflação cai mais rápido. Meta da inflação talvez só seja batida em 2025. Temos um agente econômico que é independente, que vai fazer o que é necessário para trazer a economia pro eixo. E, por segurança, a preferência é de ser mais conservador do que arriscar diminuir os juros em um momento que ainda não é o ideal”, analisa.

Para Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, é hora de os investidores aproveitarem os ganhos na renda fixa enquanto a taxa Selic permanece elevada. “A renda fixa, no momento atual, pode ser aproveitada pelo investidor mais conservador ou moderado de diversas formas. Acredito que nesse contexto é ir fazendo as alocações de forma gradual, pois é muito difícil definir os juros terminal do mercado brasileiro, ou a melhor taxa dos últimos 6 anos, só que sem dúvida quem for montando essa posição no mês a mês pode ter gratas surpresas na composição do portfólio”, destaca Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil.

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