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Petrobras (PETR4): política de preços pode mudar?

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Na última quarta (05), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a Petrobras irá mudar a política de preços e diesel com a adoção de diretrizes baseadas no mercado interno e não mais no exterior. Com isso, a medida deve provocar redução entre R$ 0,22 e R$ 0,25 no preço do litro do diesel. “O tal PPI [Preço por Paridade de Importação] é um verdadeiro absurdo. Nós temos que ter o que eu tenho chamado de PCI, Preço de Competitividade Interno“, disse em entrevista para a GloboNews.

A fala fez com que os papeis da Petrobras amargassem fortes quedas ao longo do dia. Já a Petrobras confirmou em nota que “não recebeu nenhuma proposta do Ministério das Minas e Energia” e que eventuais propostas de política de preços “serão comunicadas oportunamente ao mercado, e conduzidas pelos mecanismos habituais de governança interna da companhia“.

Segundo André Fernandes, Head de Renda Variável e sócio da A7 Capital, a fala refletiu negativamente no mercado, confirmando o risco que estava sendo monitorado, de maior interferência na estatal por parte do governo atual.

O petróleo, que teve uma forte alta no início da semana por conta dos cortes de produção anunciados pela OPEP, também devolveu parte dos ganhos operando em queda após a fala do ministro, o que contribuiu negativamente para as ações do setor, como Petrobras, PRIO e 3R Petroleum. Como nossa bolsa tem um forte peso em commodities, isso fez o Ibovespa cair também“, comenta André. 

Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, explica que o mercado não gostou da fala, pois mostra possível interferência do governo nos preços da estatal e comenta que a Política de Paridade Internacional – PPI se justifica porque a Petrobras não é autossuficiente em relação ao petróleo. 

“O que muita gente não sabe é que o petróleo que a gente extrai é tão grosso que não é possível refinar aqui. Muito do combustível que temos aqui a gente importa, por isso temos exposição à variação cambial. Essa política de preços coloca peso na variação do barril. Com o preço do petróleo aumentando, a Petrobras precisa pagar mais caro para importar o petróleo para fazer o refino. Por ser uma empresa exposta ao câmbio, não podemos ignorar esse fator, não somos autossufientes“, diz Caumont. Ele ainda diz que a empresa deu lucro recorde no ano passado: “A empresa estava muito bem, mas a interferência na estatal pode pesar no papel e transformar lucro em prejuizo“.

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O Ministro de Minas e Energia, em entrevista à GloboNews, também citou a ideia de criar um novo modelo de preços, que poderia se chamar PCI (Preço de Competitividade Interna), que reduziria o preço do diesel em até R$ 0,25 por litro. O objetivo seria que a nova política de preços passasse a favorecer o brasileiro e ajudar a manter os preços mais baixos. Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, acredita que mudar a política de preços pode, na verdade, causar prejuízos para a estatal.

Ninguém compra um produto a R$ 1 para vender por R$ 0,60. Não faz o menor sentido. Se a companhia vender abaixo do preço de paridade, ela vai estar subsidiando, ou seja, ela vai estar tirando dinheiro do bolso do acionista, do lucro da empresa para ajudar a sociedade quando, na verdade, isso não acontece“, diz.

Para Galindo, grande parte dos impostos e dos dividendos que a Petrobras gera voltam para a sociedade: “A partir do momento que você quebra a empresa, ela para de pagar impostos, ela para de pagar dividendos, e isso sim é ruim para a sociedade como um todo. É ruim para o PIB, é maléfico para a economia em geral“.

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Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, concorda que a substituição do PPI por outra política de preços pode prejudicar muito a Petrobras.

Acho que vai sempre existir uma pressão do governo para que a política atual de preços seja substituída. Por outro lado, se isso mudar, aí sim podemos ver o lucro da Petrobras sendo afetado. O fim do PPI impacta diretamente no resultado da empresa“, ressalta.

Segundo Brasil, o governo, sendo sócio majoritário da empresa, vai continuar fazendo muita pressão para essa mudança na política de preços: 

“Eu, particularmente, não vejo com bons olhos o fim do PPI. Acho que o governo vai falar muito, mas talvez não consigam colocar em prática. Agora, se o PPI continuar e o barril do petróleo permanecer em alta, a gente tem tudo para ver a Petrobras bater recorde nos resultados e ter grandes dividendos“.

Em meio a esse cenário, na última segunda (3), a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), anunciou um corte na produção de petróleo. Arábia Saudita, Iraque e vários outros países do Golfo estão cortando juntos a oferta em 1 milhão de barris de petróleo por dia e a Rússia estenderá seu corte de meio milhão de barris por dia até o final do ano. 

“A OPEP tem literalmente a produção e o preço na mão e, para eles, não é tão interessante deixar o preço muito baixo, principalmente em um momento de boa demanda hoje. Por isso, fechar um pouco a torneira para eles é interessante, a fim de preservar o preço próximo ao patamar atual. Além disso, os árabes, vozes ativas na OPEP, foram grandes prejudicados na crise bancária recente e esse aumento também ajuda a compensar a algumas perdas financeiras“, esclarece Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

De acordo com Alves, esse movimento fará o preço do petróleo subir no mundo todo, mas a mudança de preço não é automática e direta na bomba, até porque muitos fornecedores e países têm estoques a preços antigos, os quais mais baratos: “Mas é claro que à medida que esse estoque vá esgotando, o novo preço vai sim chegar ao bolso dos consumidores“. 

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Diante das incertezas atuais, Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT CAPITAL, recomenda muita cautela ao investidor do papel. 

Estamos em momento de possível recessão, com aumento na inflação mundial, desaceleração econômica e fuga de risco de países emergentes. O mercado está vivendo um dia após o outro e receoso com o futuro”, destaca Labarthe.

Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital, comenta ainda que o corte da OPEP e o aumento consequente do petróleo pode de alguma maneira mudar os planos do FED para as próximas reuniões porque pode forçar a inflação americana para um movimento de alta:

De alguma maneira, isso poderia também forçar o FED a puxar um pouco mais os juros, mas isso não está certo ainda. Acho que o mercado vai ficar de olho nas próximas semanas nas declarações do FED para saber como eles vão lidar com essa situação também“.


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