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No pregão da B3 desta quarta-feira, houve uma queda geral nas ações do setor de construção civil que assustou o mercado influenciada pelo avanço nas taxas dos principais contratos de juros futuros, estes que acompanharam o aumento dos rendimentos dos Treasuries (títulos americanos).
Na liderança das quedas do setor, as ações da MRV&Co (MRVE3) registraram uma perda significativa de 10,08%, fechando a R$ 8,30, no pregão do dia 18 de outubro. Essa queda foi em resposta à divulgação da prévia operacional da empresa referente ao terceiro trimestre de 2023 (3T23). Além da MRV outras empresas do setor também divulgaram suas prévias operacionais na terça-feira, e acumularam fortes quedas no pregão de hoje:
A MRV&Co é composta pelas marcas MRV e Sensia e apresentou os seguintes números no 3T23:
- Lançamentos de R$ 1,8 bilhão, um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 41% em comparação ao trimestre anterior.
- Ticket médio de venda de R$ 239 mil, um crescimento de 19% em relação ao ano anterior e de 6% em relação ao trimestre anterior.
- Produção de 8.726 unidades, um aumento de 5% em relação ao ano anterior e de 15% em relação ao trimestre anterior.
- Vendas líquidas de R$ 2,2 bilhões, um aumento de 54% em relação ao ano anterior e uma queda de 1% em relação ao trimestre anterior. No acumulado dos nove primeiros meses de 2023, as vendas líquidas totalizaram R$ 6,2 bilhões, um recorde para esse período.
Apesar dos números operacionais positivos, o consumo de caixa operacional da MRV&Co foi de R$ 44 milhões. Sem considerar os efeitos não caixa de equity swap e despesas de dívida, o consumo de caixa totalizou R$ 129 milhões.
Além disso, a Resia, uma subsidiária da MRV&Co, não registrou vendas no trimestre e teve um consumo de caixa de R$ 443 milhões, sendo 92% proveniente de empréstimos para construção e 8% de capital próprio. A MRV espera vender o projeto Biscayne Drive no 4T23 à medida que atinge a fase de estabilidade.
A queima de caixa e o consumo de caixa mais forte do que o esperado contribuíram para a queda das ações da MRV&Co. O banco Citi destacou que espera uma revisão para baixo do consenso de mercado em relação aos dados da empresa, já que os lançamentos acumulados nos nove primeiros meses do ano representam apenas cerca de metade das expectativas do mercado para o ano inteiro.
Apesar do aumento no preço de venda das unidades em 2023, atribuído principalmente a uma mudança no mix de produtos, com a Sensia representando um terço dos lançamentos, a MRV&Co ainda está queimando caixa em várias frentes. O consumo de caixa foi de R$ 43 milhões na operação Brasil e outros R$ 443 milhões via Resia.
Dor generalizada
Os analistas da Genial Investimentos consideraram os números operacionais da MRV&Co mistos, observando um aumento significativo no ticket médio de venda e uma melhoria na velocidade de vendas, mas também uma geração de caixa fraca.
Em relação às ações da Helbor (HBOR3), que também divulgou seus números operacionais, houve uma queda de 3,33% para R$ 2,32. A Helbor lançou dois projetos no valor total de R$ 260 milhões em VGV, um aumento de 229% em relação ao mesmo período do ano anterior. A empresa registrou vendas líquidas de R$ 247 milhões em VGV no 3T23, com vendas sobre oferta (VSO) de 13,1%.
Quanto à Trisul (TRIS3), suas ações tiveram uma queda de 5,05%, fechando a R$ 4,51. A Trisul lançou R$ 173 milhões em VGV no 3T23, com vendas líquidas de R$ 264 milhões em VGV. A VSO da Trisul ficou em 11,5% no 3T23.
Em resumo, apesar de alguns números operacionais positivos, como o aumento no ticket médio de venda e na VSO, a queima de caixa e o consumo de caixa mais elevado do que o esperado afetaram negativamente as ações dessas empresas do setor de construção civil na B3.
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