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Essa é a segunda intervenção no câmbio desde o início do terceiro mandato do presidente Lula.
Nesta quinta-feira (29), o Banco Central anunciou a realização de um leilão de venda de dólares à vista na manhã de sexta (30), no valor máximo de US$ 1,5 bilhão.
Segundo informações, essa será a segunda intervenção no câmbio desde o início do terceiro mandato do presidente Lula.
O BC informou que o leilão será referenciado à taxa Ptax e acolherá as propostas entre 9h30 e 9h35. O último leilão dessa modalidade ocorreu em dezembro de 2021, no valor total de US$ 500 milhões.
Na primeira intervenção do câmbio sob o governo Lula, em abril, o BC realizou um leilão adicional de 20 mil contratos de swap cambial tradicional, atuando no mercado futuro. Foram vendidos todos contratos ofertados —o equivalente a US$ 1 bilhão—, sendo 16 mil com vencimento em 1º de abril de 2025 e outros 4 mil com vencimento em 2 de janeiro de 2025.
Em um ambiente de volatilidade do dólar frente ao real, a cúpula do BC foi questionada em diversas ocasiões sobre a ausência de intervenções da autoridade monetária no mercado de câmbio.
Gabriel Galípolo: Quem é o novo indicado por Lula ao Banco Central?
O presidente Lula terá, em 2025, um aliado direto no comando do Banco Central. Marcando, assim, uma mudança significativa em relação aos dois primeiros anos de seu terceiro mandato, quando teve que lidar com um nome escolhido por seu antecessor, Jair Bolsonaro.
Embora muitos aguardassem a nomeação de Gabriel Galípolo, ainda pairam incertezas sobre a direção que ele dará à política monetária.
Atualmente diretor de Política Monetária do BC e ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Galípolo, de 42 anos, é formado em economia pela PUC-SP. Assim, onde também obteve seu mestrado em economia política. Inicialmente, sua chegada ao Banco Central em 2023 gerou dúvidas entre muitos no mercado financeiro. Dessa forma, que questionaram sua falta de experiência técnica específica para o cargo.
No entanto, desde então, ele conseguiu dissipar parte dessas desconfianças. E assim, ganhando reconhecimento por seu perfil conciliador. Seu trânsito fácil com opresidente Lula e sua capacidade de dialogar com diferentes setores do governo e do mercado acabaram por fortalecer sua imagem como o nome mais viável para assumir a presidência do BC.
Em um dos momentos mais críticos, Galípolo teve um papel importante na negociação sobre a meta de inflação. Lulapressionou por uma meta de inflação mais alta, mas Galípolo atuou ativamente na articulação para manter o objetivo em 3%, desempenhando um papel fundamental na construção desse consenso.
Desconfortos com a lei de autonomia do BC
Lula, descontente com a taxa básica de juros fixada em 10,50%, fez críticas recorrentes ao atual presidente do Banco Central, Campos Neto. O presidente expressou frustração com a situação inédita imposta pela lei de autonomia do BC. Esta, sancionada em 2021, que impede seu indicado de assumir o comando da instituição antes de metade de seu mandato já ter transcorrido.
Às vésperas da indicação de Galípolo, a quem Lula já tinha se referido como “menino de ouro,” o presidente disse: “Na hora que tiver que reduzir a taxa de juros, ele vai ter que ter coragem de dizer que vai reduzir, na hora que precisar aumentar, ele vai ter que ter a mesma coragem e dizer que vai aumentar”.
Essa postura de Lula coincidiu com o crescimento do protagonismo de Gabriel Galípolo, que em suas declarações públicas enfatizou que um novo aumento dos juros estava sendo considerado para a próxima reunião de política monetária em setembro, dado o cenário de pressão inflacionária.
A mudança de tom chamou a atenção. E, veio acompanhada do crescente protagonismo de Gabriel Galípolo em declarações públicas. Isto, nas quais ele destacou que um aumento da taxa de juros estava em discussão para a próxima reunião de política monetária em setembro. Ainda, em resposta ao cenário desafiador da inflação.
Essa postura trouxe alívio aos ativos de risco, que vinham sofrendo com a percepção de que, após Lula conseguir emplacar a maioria de seus indicados no comitê de política monetária no próximo ano. Dessa forma, Banco Central adotaria uma postura mais branda em relação ao controle inflacionário.
“A iniciativa do Galípolo de ser mais hawkish (visão mais dura para a política monetária) demonstrou uma coragem e ou capacidade de convencimento do presidente da República bastante surpreendente, o que foi bom,” disse um agente do mercado.
“Meu medo nessa história toda é não estar assim combinado”, acrescentou.
Uma fonte afirmou que Galípolo está “evoluindo rapidamente” no Banco Central. E parece ter se alinhado à abordagem técnica da instituição, embora ainda haja incertezas sobre o futuro.
Experiências
O Conhecido por suas habilidades interpessoais e escuta atenta, Galípolo acumulou experiência como assessor econômico no governo de São Paulo sob José Serra. Foi CEO do Banco Fator e fundou uma consultoria focada em parcerias público-privadas
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