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Por que e quando vender ações que estão no prejuízo?

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Você sabe ao certo quando vender uma ação? O analista Rafael Ragazi, da Nord Research, trouxe um texto excelente sobre os vieses comportamentais e como eles influenciam no momento em que temos que decidir se fechamos ou não uma posição. Confira.

Aversão ao risco

De acordo com o analista, uma das maiores contribuições das finanças comportamentais para o mundo dos investimentos é a famosa prospect theory. De acordo com os autores, Daniel Kahneman e Amos Tversky, os indivíduos não são tão racionais quanto as teorias econômicas sugerem (em situações que envolvem riscos).

“As escolhas das pessoas não são motivadas apenas por ganhos e perdas potenciais, mas pelo valor que elas atribuem a ganhos e perdas. Os resultados dos estudos demonstraram que as perdas são consideravelmente mais indesejadas do que ganhos da mesma magnitude são desejados.”

explicou Ragazi.

Dessa forma, os pesquisadores mostraram que o modo como o problema se apresenta influencia as escolhas dos indivíduos (flaming effect). De acordo com eles, se as opções forem apresentadas em termos de ganhos, vemos um comportamento de aversão ao risco. Contudo, caso forem apresentadas em termos de perdas, o comportamento será de busca por risco.

Saber admitir que errou

Além disso, Ragazi traz um estudo que debate sobre a influência das emoções do orgulho e arrependimento no comportamento dos investidores. Sabemos que admitir que erramos quando uma posição traz prejuízo é difícil. Contudo, também sabemos como ficamos felizes e falamos para todo mundo quando acertamos e fazemos lucros grandiosos.

De acordo com Ragazi, é comum, principalmente entre os menos experientes, acreditar que uma posição perdedora eventualmente irá se recuperar.

“Essas emoções de orgulho e arrependimento também podem estar por trás da tendência que os investidores têm de segurar suas posições com prejuízo por mais tempo do que deveriam e vender suas posições lucrativas antes da hora.”

disse Ragazi.

Exatamente esse comportamento foi teorizado por Barber e Odean, o qual chamaram de disposition effect. Os pesquisadores usaram, para sua pesquisa, o histórico de operações de mais de 10 mil clientes de uma grande corretora. De acordo com a pesquisa, vender ações ganhadoras infla a autoestima do investidor. Contudo, vender ações nas quais se teve prejuízo traz dolorosos sentimentos de perda e arrependimento.

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Entretanto, Ragazi pontua que realizar prejuízos no mundo dos investimentos não é algo tão ruim, afinal, existem benefícios fiscais. Isto é, você pode reduzir seu imposto de renda em futuros lucros com ações por meio de prejuízos anteriores.

Dessa forma, não há nenhum motivo para continuar em uma posição perdedora acreditando que ela irá se recuperar. Afinal, se você fechar tal posição e investir em melhores oportunidades, será muito melhor.

Quando vender ações?

“A psicologia provou que as pessoas são muito mais impactadas por perdas do que por ganhos de mesma magnitude, mas que, paradoxalmente, tendem a assumir maiores riscos para evitar perdas do que para obter ganhos.”

pontuou Ragazi.

Portanto, os investidores tendem a evitar vender suas ações perdedoras simplesmente para não precisarem admitir que cometeram erros. Contudo, tendem a vender rapidamente as ações que subiram para que possam sentir o “gosto do sucesso”. É claro que, quando há fortes motivos para acreditar que a companhia terá sucesso, mesmo em período de queda geral no mercado, Ragazi afirma que vale a pena manter a posição. Assim sendo, caso vendesse e a ação subisse, o investidor teria um arrependimento duplo.

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Entretanto, se a confiança na empresa não é mais a mesma, vale a pena vender as ações. Além disso, erros de análise, ou mesmo de prospecção, também podem ser motivos para vendê-las.

Dessa forma, Ragazi pontua que “prejuízo no papel” é a mesma coisa que “prejuízo realizado”. Portanto, vender as ações, acumular benefício fiscal e investir em uma ação com mais potencial de crescimento é a melhor opção.

“Então, entenda de uma vez por todas que vender no prejuízo não é algo ruim, já vender na hora errada ou pelos motivos errados pode prejudicar os seus retornos no longo prazo. Isso não quer dizer que se você comprou uma ação e ela caiu você deve vendê-la, afinal, no curto prazo os movimentos de preço das ações são aleatórios e apresentam pouca correlação com a realidade das empresas.”

acrescenta o analista da Nord Research.

Conclusão

Portanto, segundo o analista, a variável mais importante de todas é a sua confiança na companhia na qual investiu. Assim sendo, recomenda foca nos eventos que trazem potencial de crescimento (ou decrescimento) dessa companhia. “Se a ação caiu e os fundamentos não mudaram, não faça nada”, disse o analista. Além disso, se as ações caíram e os fundamentos até mesmo melhoraram, pode ser um sinal para aumentar a posição.

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Por fim, Ragazi pontua que todos nós investidores estamos sujeitos a esses vieses comportamentais e a influência negativa das emoções. Contudo, é exatamente a capacidade de saber lidar com tais aspectos que diferencia os grandes investidores dos investidores medíocres.

E aí, gostou dos pontos levantados pelo analista da Nord Research? O quanto você acha que tais vieses comportamentais (ou mesmo outros que você conheça) afetam seu dia a dia como investidor? Não é uma tarefa fácil se desvencilhar de todas essas armadilhas criadas por nós mesmos, mas se o objetivo é ser um investidor de sucesso (e creio que essa seja o objetivo de todo investidor) é necessário compreender a si mesmo e ir muito além dos números de uma análise financeira e das planilhas enormes de valuation.

Clique aqui e confira as recomendações de várias instituições.


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1 comentário

Tarcisio 24/11/2022 at 14:06

Ótima matéria!

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