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Por Laercio Boaventura – Diretor de Investimento da Vectis Gestão
A alta da Selic favorece principalmente os FIIs de papel indexados ao CDI (aqueles FIIs que investem em CRIs indexados em CDI). Eles passarão a pagar rendimentos maiores em função desse aumento. Lembrando ainda que esses rendimentos são isentos para as pessoas físicas.
No caso de FIIs de papel indexados ao IPCA, no curto e médio prazos, esses fundos tem capacidade de pagar rendimentos ainda maiores.
Primeiro por pagarem inflação com defasagem de 2 meses em média, ou seja, ainda repassarão o IPCA de março, que foi de 1,62% no mês, e a de abril cujo IPCA-15 (prévia para o IPCA do mês) acelerou para 1,73%, a maior inflação mensal desse indicador desde fevereiro de 2003.
Explicando de outra forma, primeiro temos a divulgação da inflação para depois o BACEN agir e aumentar a taxa de juros tentando frear a inflação. Como os FIIs de papel indexados em IPCA pagam “atrasado” a inflação, em cenário de alta de inflação, tendem a pagar mais do que a taxa Selic equivalente daquele mês (por exemplo, CDI de abril foi 0,83% no mês contra IPCA de 1,01% de fevereiro).
Lembrando ainda que esses fundos pagam IPCA + taxa fixa referente ao spread de crédito cobrado nas operações investidas (carteira do VCJR11 está pagando uma taxa bruta de IPCA + 9,3%a.a. na cota patrimonial de 98,83 que foi o fechamento de abril).
Em segundo lugar estamos numa inflação de oferta por conta da falta de produtos pelos lockdowns mundiais de 2020 e 2021, bem como o atual na China em função da pandemia, que causaram a quebra das cadeias de logística e produção em todo o mundo.
Existe ainda a pressão nos preços de fertilizantes e commodities causados pela guerra na Ucrânia e a pressão ainda maior sobre preço de derivados de petróleo frente as novas sanções impostas a Rússia.
Sendo assim, mesmo que sejamos capazes de reduzir o financiamento e a atividade econômica, ainda teremos uma inflação latente alta que não será controlada pelos juros. Veja que no próprio pronunciamento do Federal Reserve – FED, há a preocupação de não errar nessa subida de taxa e elevar o país a uma recessão com inflação.
Resumindo: nossa visão é que a inflação continuará alta ao longo do ano de 2022 e como os FIIs de papel indexados ao IPCA pagam essa inflação com defasagem, em média de 2 meses, esses fundos deverão ser destaque na distribuição de dividendos ao longo desse ano.
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