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A Fitch Ratings emitiu um aviso sobre os riscos potenciais enfrentados pela Braskem (BRKM5) devido à situação crítica de uma de suas minas de sal-gema em Maceió, Alagoas. A agência de classificação de risco alertou que um eventual colapso da mina pode ter um impacto significativo nos fluxos de caixa da empresa, bem como colocar pressão sobre seus ratings.
Atualmente, a Fitch classifica a Braskem como “BBB-“, com perspectiva negativa. Essa classificação reflete a preocupação da agência de que a alavancagem da empresa permaneça alta, em torno de 12 vezes, por mais tempo do que o previsto, pelo menos até 2024.
Além disso, a Fitch apontou que outro evento geológico nas instalações da petroquímica poderia resultar em um aumento no número de ações judiciais contra a Braskem e impactar sua capacidade de acessar os mercados de capitais. Isso ocorre porque os investidores estão cada vez mais preocupados com questões relacionadas ao ESG (Ambiental, Social e Governança).
A Braskem ainda não se pronunciou sobre essa situação. No entanto, a agência de classificação de risco continuará monitorando o caso e não considerará o pagamento da ação até que a empresa seja oficialmente obrigada a fazê-lo.
Em relação ao fluxo de caixa da Braskem, o cenário-base da Fitch não prevê desembolsos adicionais relacionados a ações judiciais além dos já anunciados. A projeção inclui o pagamento de R$ 7,5 bilhões até 2025, sendo R$ 3 bilhões em 2023, a mesma quantia em 2024 e R$ 1,5 bilhão em 2025. No entanto, o fluxo de caixa de financiamento (FCF) deve permanecer negativo, atingindo R$ 4,5 bilhões em 2023 e R$ 3,5 bilhões em 2024, devido a acordos com a Justiça. A expectativa é que o FCF se torne positivo, atingindo R$ 1 bilhão em 2025.
A Fitch ressalta que uma nova ação de rating negativa pode ocorrer se o índice de cobertura de juros permanecer abaixo de 1,0 vez e se o FCF continuar negativo durante o ciclo econômico baixo, resultando em uma maior necessidade de dívida. No entanto, a agência acredita que a Braskem tem a capacidade de ajustar sua estratégia de investimentos para preservar o FCF, o que pode incluir a redução de investimentos, otimização do capital de giro, venda de ativos não essenciais ou parcerias para aumentar a produtividade.
A situação da mina de sal-gema da Braskem em Maceió tem gerado preocupações significativas, pois a Defesa Civil local já declarou situação de emergência devido ao risco iminente de colapso. O afundamento da mina tem sido monitorado de perto, e as autoridades estão tomando medidas para mitigar os riscos associados a esse evento.
A Braskem, como uma das principais empresas petroquímicas do Brasil, enfrenta desafios consideráveis à medida que lida com essa situação crítica em sua mina e busca manter a estabilidade financeira e operacional.
Ações da Braskem sofrem
As ações da Braskem (BRKM5) entfreram uma forte baixa, registrando uma queda máxima de 10,61% no intraday, após um declínio de 6,25% no dia anterior. Os ativos BRKM5 encerraram o dia com queda de 5,85%, cotados a R$ 18,01 nesta sexta-feira (1).
Essa sequência de perdas teve início na tarde de quinta-feira (30), após a Braskem receber uma intimação relacionada a uma ação de R$ 1 bilhão devido ao risco iminente de colapso em uma mina localizada em Maceió.
O alerta sobre o possível colapso foi emitido pela Defesa Civil de Maceió, que destacou a urgência de evitar a circulação de pessoas e embarcações na área afetada. Vale ressaltar que parte da região já havia sido evacuada anteriormente devido a problemas semelhantes ocorridos em 2018, associados às atividades de mineração de sal-gema da Braskem na região, que foram suspensas desde então.
Diante da atual situação, a Braskem tomou a decisão de expandir o programa de realocação e compensação, incluindo os moradores do bairro de Bom Parto, como medida compensatória no valor de R$ 1 bilhão. Essa inclusão no programa foi solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Estado de Alagoas (MPF-AL) e Defensoria Pública da União (DPU) e foi posteriormente aceita pela Justiça Federal.
O governo estadual emitiu um comunicado enfatizando as graves consequências do desastre e reiterando o pedido para que a empresa não seja vendida até que todas as questões relacionadas ao passivo sejam totalmente resolvidas. Até o momento, a Braskem já provisionou e pagou cerca de R$ 14,4 bilhões, mas o estado de Alagoas busca reivindicar valores adicionais.
A Levante Corp. destaca que, em caso de desabamento do teto da mina, há o risco de aumento da salinização da água em uma lagoa próxima, o que poderia resultar em sérios danos ambientais. Essa situação representa um desafio significativo para a Braskem.
O BTG Pactual enfatiza que o processo legal desencadeado após os recentes tremores de terra levanta questões sobre a responsabilidade da prefeitura de Maceió, que ainda não está clara. Além disso, destaca a importância de relatórios e estudos técnicos para comprovar a necessidade de compensações adicionais.
Os analistas do BTG Pactual mantêm uma recomendação neutra para os ativos da Braskem devido à incerteza em torno das repercussões legais e financeiras desse evento. Eles acreditam que o principal catalisador de retorno para as ações da empresa depende atualmente da possível venda da participação da Novonor na Braskem.
Para a Levante e o Bradesco BBI, essa situação representa mais um obstáculo no processo de venda da participação da Novonor na empresa, enquanto o BBI também aponta para a incerteza de uma investigação mais ampla do Congresso que pode começar no próximo ano.
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), planeja uma reunião com o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), para discutir a necessidade de assistência do governo federal caso ocorra o colapso previsto na mina da Braskem em Maceió.
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