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Diferente de países como Estados Unidos e Inglaterra, no Brasil, a esfera bancária representa um poderio maior no controle econômico. A intervenção do Estado é importante para controlar este cenário é ainda mais essencial em períodos de instabilidade, seja ela econômica, seja ela política.
À época da crise de 2008, não havia em terras tupiniquins instituições financeiras grandes demais para quebrar (da expressão em inglês too big to fail) como na Europa e no norte da América. Contrariando o que aconteceu nos EUA, por aqui houve a fusão de grandes empresas do ramo, como a união entre Itaú e Unibanco.
“Os bancos têm muito poder no Brasil porque eles controlam o fluxo de crédito na economia”, elucidou Arthur Wittenberg, gestor em Políticas Públicas e Relações Governamentais. “Para enfrentar a crise, os antigos gestores de esquerda concederam ao setor mais poder do que ele já tinha no país”, disse.
A fala aconteceu no #6 episódio do podcast Liberdade em Foco que teve como tema “a relação entre negócios e políticas públicas”. A entrevista foi coordenada pelo presidente da Fundação da Liberdade Econômica (FLE), Márcio Coimbra. O conteúdo está disponível no site da instituição e no Spotify.
Quando um ente privado tem grande influência na economia é natural que ele reaja a políticas públicas que sejam nocivas ao seu desenvolvimento.
Como resposta, estas empresas podem não desempenhar mais o papel que exerciam. No caso dos bancos, por exemplo, podem não mais estruturar a política monetária e assim pressionar o gestor público.
Na economia brasileira, os bancos são atores universais que possuem instrumentos de compra e revenda de títulos e, além disso, são responsáveis pelo crédito e pelo depósito. Após 2008, foram realizadas algumas ações para separar estes poderes e assim diminuir o risco sistêmico que esse quase monopólio pode representar.
Wittenberg acredita que essa realidade venha sendo modificada na gestão Bolsonaro e que o resultado das eleições deste ano podem ter uma influência ainda maior nisso.
“A situação política na qual vivemos hoje não é bem vista pelo setor”, comentou o gestor citando o recente comunicado da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Embora seja uma tradição dos bancos intervirem de forma discreta na política brasileira, ele sugere que o cenário seja diferente em 2022 e “que as instituições bancárias podem vir a demonstrar claramente uma predileção maior por governos mais estáveis”, concluiu.
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