- A demanda por cobre cresce exponencialmente, assim, carros elétricos, baterias, infraestrutura elétrica, impulsionam o mercado
- Investimentos crescentes em inteligência artificial contribuindo significativamente para esse cenário promissor
- Prevê-se que o consumo de eletricidade de data centers, inteligência artificial e criptomoedas dobre nos próximos dois anos, exigindo um aumento
O cobre emerge, contudo, como o elemento essencial para impulsionar as principais transformações da economia global. De carros elétricos a baterias, linhas de transmissão a data centers, sua versatilidade é crucial.
Apesar da adoção global mais gradual de veículos elétricos, analistas afirmam que a demanda pelo cobre permanecerá alta. Assim, com investimentos crescentes em inteligência artificial contribuindo significativamente para esse cenário promissor.
A expansão da tecnologia demanda um grande número de servidores e consome mais eletricidade, impulsionando a demanda por cobre. Em um momento de oferta limitada, os preços atingem recordes históricos. Prevê-se que o consumo de eletricidade de data centers, inteligência artificial e criptomoedas dobre nos próximos dois anos, exigindo um aumento equivalente ao consumo atual de energia do Japão.
Este é o contexto que impulsiona a ascensão do cobre, que teve um aumento de 20% nos últimos três meses, mesmo com a desaceleração da atividade na China, principal consumidor mundial. O preço por tonelada ultrapassou os US$ 10.000 em Londres e alcançou mais de US$ 11.000 em Nova York.
Segundo traders, no entanto, uma parcela significativa do recente aumento nos contratos futuros é atribuída a um “short squeeze“. Os fornecedores enfrentam, dessa forma, desafios para cumprir as entregas físicas programadas para os EUA até julho. Analistas do Bank of America alertam para um desequilíbrio crescente entre a produção e o consumo, prevendo, assim, um déficit na oferta que pode persistir até, pelo menos, 2026.
Outras projeções
A Goldman Sachs projeta um déficit de 454 mil toneladas para este ano e de 467 mil toneladas para 2025. Os analistas do banco, contudo, revisaram para cima o preço-alvo da tonelada no final do ano, passando de US$ 10.000 para US$ 12.000, e preveem um preço médio de US$ 15.000 para o próximo ano. Isso representa um aumento de mais de 50% em relação à estimativa anterior de US$ 9.800 para 2024.
O Boston Consulting Group alerta que o desequilíbrio pode se prolongar até 2030, especialmente se houver um aumento significativo nos investimentos em transição energética.
“O cobre, com alta condutividade e resistência à erosão, é um material crítico para produzir desde carros elétricos a painéis solares e cabos de eletricidade,” aponta estudo da BCG.
O BofA reduziu suas projeções de vendas de carros elétricos, o que resultaria em uma diminuição do consumo de cobre em 200 mil toneladas neste ano e no próximo. O banco observa que, embora a demanda por cobre no setor de transporte continue a aumentar, será em um ritmo mais lento.
No entanto, o progresso da inteligência artificial requer uma expansão significativa dos data centers, resultando em um aumento na demanda por cobre. Isso se deve tanto à necessidade de equipamentos e instalações para os servidores quanto ao aumento no consumo de energia elétrica. O BofA destaca que, apesar dos avanços na eficiência nos últimos anos, são necessários “investimentos urgentes” na infraestrutura de transmissão de eletricidade para evitar possíveis apagões.
“O cobre é o novo petróleo,” disse o estrategista-chefe, Jeff Currie, em entrevista à Bloomberg.
O aumento na demanda por cobre coincide com o adiamento de muitos projetos de novas minas. A desaceleração econômica na China e o aumento das taxas de juros nos EUA, com o risco de uma recessão, desmotivaram o início de novos empreendimentos. A principal novidade, no entanto, dentro cenário atual é o surgimento da inteligência artificial generativa.
“Uma pesquisa no ChatGPT consome 30x mais eletricidade do que uma pesquisa no Google. É essa ordem de grandeza,” apontou Tiago Cunha, gestor da Ace Capital.
“O problema é que o mercado de cobre está muito apertado e não é de hoje. A oferta é pouco elástica mesmo nos atuais níveis de preço.”
Imediata demanda
Como apresentado por Brazil Journal, a extração de cobre é mais onerosa e complicada do que a de minério de ferro. E seu o desenvolvimento de novas minas pode levar mais de uma década.
No entanto, a demanda global por cobre é imediata. Este contexto alimentou a “corrida do cobre”, destacada pela oferta de US$ 43 bilhões da BHP para adquirir a Anglo American. Que possui grandes minas no Peru e no Chile.
“Este é apenas um exemplo marcante da provável consolidação entre mineradoras que desejam aumentar suas reservas de cobre. E, ainda, aproveitar a tendência de alta do mercado.”
“O cobre é uma história bastante simples,” disse o gestor Stanley Druckenmiller.
“Leva cerca de 12 anos para uma nova mina produzir, e você tem carros elétricos, linhas de transmissão, data centers e, acredite ou não, munições. Todos os mísseis carregam cobre. O mundo está ficando quente. A situação de oferta-demanda é incrível pelos próximos cinco ou seis anos.”
Em última análise, a valorização do cobre tem incentivado a “ação de gangues” em diversas regiões. Na África, os roubos de cabos, no entanto, são frequentes, e nos EUA, assaltantes estão, dessa forma, atacando estações de carregamento da Tesla.