Sob governo Lula

Voltando para 2015: risco fiscal no Brasil pode explodir

Fábio Giambiagi critica alta do gasto obrigatório e projeta revisão do arcabouço fiscal já em 2027, com risco de repetição da crise fiscal.

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  • Revisão do arcabouço fiscal é inevitável até 2027, segundo Giambiagi
  • Gastos obrigatórios crescem descontroladamente e reduzem espaço para investimentos
  • Brasil corre risco de repetir crise fiscal de 2015, com juros altos e desconfiança do mercado

O economista Fábio Giambiagi, uma das vozes mais influentes do país em finanças públicas, soou o alarme: o atual governo Lula repete uma trajetória preocupante que lembra o início da crise fiscal que marcou o segundo mandato de Dilma Rousseff.

Segundo ele, o risco de colapso das contas públicas cresce à medida que o aumento dos gastos obrigatórios se acelera. Dessa forma, deixando pouco espaço para investimentos e pressionando o equilíbrio orçamentário.

Em entrevista à Bloomberg, Giambiagi foi categórico: o arcabouço fiscal atual, instituído para substituir o teto de gastos, deverá ser revisto “com 100% de certeza” até 2027.

“Se o presidente não for reeleito, é natural que haja uma revisão de prioridades. Se for reeleito, ele também terá que lidar com as consequências de suas próprias decisões”, afirmou o economista.

Previsão do economista

A previsão de revisão tem base nos dados projetados para os próximos anos. O governo já projeta que os precatórios (valores devidos pela União após decisões judiciais) voltarão ao orçamento integralmente a partir de 2027.

Isso representa uma bomba fiscal prestes a explodir: o valor saltará de R$ 122 bilhões em 2026 para R$ 203,8 bilhões no ano seguinte. A dívida pública federal, por sua vez, continuará subindo.

Além disso, gastos obrigatórios, como Previdência, saúde e educação, seguem crescendo acima da arrecadação. Giambiagi destacou que essas despesas consomem cada vez mais recursos. Assim, impedindo o avanço de investimentos essenciais para o crescimento econômico.

“Esse é o drama fiscal brasileiro: o gasto é rígido, e a margem para o governo fazer escolhas diminui ano após ano”, disse.

O economista, no entanto, também criticou a elevada taxa de juros de longo prazo, hoje em torno de 8% ao ano. Para ele, esse cenário reflete a percepção de risco fiscal e a falta de confiança do mercado na sustentabilidade das contas públicas.

“O preço que se paga por uma política fiscal frouxa é a taxa de juro real alta”, disse Giambiagi, que é pesquisador associado da FGV.

Hiperinflação e dívida externa

Autor de livros sobre política econômica, o economista relembrou que o Brasil superou obstáculos significativos ao longo do tempo, como: a hiperinflação e o pagamento da dívida externa. Mas, ainda não conseguiu vencer o desafio estrutural do desequilíbrio fiscal.

Em sua análise, o país vive sob ameaça de um novo ciclo de instabilidade semelhante ao de 2015, quando a deterioração fiscal foi um dos estopins da crise política e econômica.

Giambiagi alertou que, se o governo não mudar sua trajetória, o Brasil poderá, portanto, perder credibilidade e sofrer com fuga de capitais. Além da alta do dólar, inflação persistente e juros elevados.

“Não adianta o governo adotar discursos positivos se os números continuam mostrando deterioração”, concluiu.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.