
- Vendas totais caem em abril, mas quadrimestre fecha em alta de 3,41%
- Híbridos crescem mais de 70%, enquanto elétricos puros recuam
- Ônibus disparam com apoio do programa Caminho da Escola; caminhões ainda enfrentam dificuldades
As vendas de veículos novos no Brasil recuaram em abril, mas o desempenho do quadrimestre mantém o setor em trajetória positiva.
De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), os emplacamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus somaram 208,6 mil unidades no mês passado, uma queda de 5,48% na comparação com abril de 2024. O principal motivo, segundo a entidade, foi o número reduzido de dias úteis no mês.
Apesar da retração pontual, o acumulado de janeiro a abril confirma o crescimento. O setor registrou alta de 3,41% no quadrimestre, com 760,2 mil unidades vendidas, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O presidente da Fenabrave, Arcelio Junior, destacou que a média diária de vendas de carros e comerciais leves cresceu 1,7%, um indicativo de resiliência no mercado.
“Mesmo com menos dias úteis, conseguimos um desempenho superior, o que mostra uma demanda sólida”, afirmou.
O mês de abril de 2025 já é considerado o melhor abril desde 2014, se incluídos também os emplacamentos de motos e implementos. Para as concessionárias, esse desempenho reforça a confiança na retomada consistente do setor automotivo brasileiro, que ainda enfrenta desafios macroeconômicos como juros elevados e acesso limitado ao crédito.
Híbridos ganham espaço enquanto elétricos recuam
O destaque do quadrimestre vai para os veículos híbridos, que se consolidam como uma tendência no gosto do consumidor brasileiro. Entre janeiro e abril, o mercado emplacou 52,7 mil unidades híbridas, alta expressiva de 73,29% em relação ao mesmo período de 2024.
A popularização dos híbridos reflete a preferência por modelos que oferecem autonomia estendida e não dependem exclusivamente da rede de recarga elétrica, ainda incipiente no país.
Por outro lado, os modelos 100% elétricos recuaram 15,03%, com 17,6 mil unidades comercializadas no quadrimestre. Para Arcelio Junior, os gargalos na infraestrutura de recarga continuam sendo o principal obstáculo.
“O consumidor ainda vê os híbridos como uma opção mais prática, enquanto o carregamento dos elétricos puros segue sendo um desafio fora dos grandes centros”, avaliou.
Ônibus surpreendem e caminhões enfrentam freio econômico
O segmento de ônibus surpreendeu positivamente. As vendas do setor cresceram 24,56% no acumulado do ano, impulsionadas principalmente pelo programa federal Caminho da Escola, voltado ao transporte de estudantes em áreas rurais. Segundo a Fenabrave, a retomada do setor de turismo também contribuiu para o bom desempenho.
Em contrapartida, o mercado de caminhões segue pressionado por fatores macroeconômicos. Os juros altos, a seletividade dos bancos na liberação de crédito e a incerteza sobre os preços do diesel inibem a retomada mais acelerada.
“Há demanda, mas os transportadores ainda demonstram cautela”, comentou o presidente da Fenabrave.
Apesar das adversidades em alguns segmentos, o setor automobilístico brasileiro se mostra dinâmico e adaptável. O avanço dos híbridos e a força dos programas públicos ajudam a compensar a perda de fôlego pontual nas vendas totais.
O mercado acompanha de perto o cenário fiscal e monetário, de olho em novos estímulos ou mudanças nas condições de financiamento que possam destravar ainda mais o setor.