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A Selic, taxa básica de juros brasileira, tem muitos efeitos no dia a dia do consumidor. Um deles tem relação com a casa própria: quando a taxa de juros está baixa, muitos brasileiros aproveitam para financiar imóveis, por conta do menor custo de crédito cobrado pelos bancos.
Um aumento da Selic, por sua vez, pressiona as taxas de juros de financiamentos imobiliários a também aumentarem. Com o crédito mais caro, há menos concessão, o que freia o mercado imobiliário residencial de compra e venda.
Para entender melhor essa dinâmica, Pedro Tenório, economista da DataZAP+, braço de inteligência do ZAP+, explica a funcionalidade da Selic, que alcançou recentemente 9,25%, e como essa alta impacta na aquisição da casa própria.
Índice de conteúdo
O que é a taxa Selic?
É o que chamamos de taxa básica de juros brasileira. Taxa básica, porque ela é um custo comum a todas as operações bancárias de crédito, ou seja, para a mesma operação de crédito, quanto maior for a taxa Selic, maior o custo incorrido pelo banco.
Como a taxa Selic impacta o mercado imobiliário?
Quando a taxa Selic aumenta, o custo de dar crédito também sobe. Sabemos que quanto maior o preço ofertado, menor o volume vendido, o que implica que um aumento da taxa Selic diminui o volume de crédito concedido, desacelerando ou até diminuindo a atividade econômica.
Este é um efeito geral para a economia toda, afetando o mercado imobiliário indiretamente, via renda das famílias.
A taxa Selic também afeta o mercado imobiliário diretamente por meio das taxas de juros de financiamentos imobiliários.
O imóvel é um bem cujo preço é um múltiplo da renda mensal das famílias, para a maior parte delas é inviável comprar um imóvel sem passar pelo mercado de crédito.
Como o financiamento imobiliário é uma operação bancária de crédito, um aumento da Selic pressiona as taxas de juros de financiamentos imobiliários a também aumentarem. Crédito mais caro, menos concessão, o que freia o mercado imobiliário residencial de compra e venda.
Poderíamos resumir em 2 cadeias de causação:
- Selic aumenta → taxas de financiamentos aumentam → queda no número de transações de compra e venda realizadas
- Selic diminui → taxas de financiamentos diminuem → crescimento no número de transações de compra e venda realizadas
A Selic subiu mais de 7 pontos desde janeiro deste ano e a taxa de juros de financiamento imobiliário apenas 1. Faz sentido isso?
Faz sentido que as taxas de juros de financiamentos imobiliários reajam a mudanças na Selic numa proporção menor e com atraso temporal.
Apesar da taxa Selic ser um custo comum a todas as operações bancárias de crédito, cada operação tem suas peculiaridades.
No caso de financiamentos imobiliários, a operação conta com uma série de particularidades devido à importância do mercado imobiliário dentro da economia e da sociedade. Por exemplo, parte dos recursos da caderneta de poupança são obrigatoriamente destinados a financiamentos imobiliários por lei.
Além disso, a maior parte dos financiamentos é feito com a taxa de juros fixa, indexada à TR (taxa referencial) e com um prazo bastante longo, o que reflete na operação.
Por isso, em economês, dizemos que o aumento da Selic pressiona as taxas de juros de financiamentos: pressiona porque é difícil determinar com precisão quanto e quando a taxa para financiamentos vai aumentar, embora haja certeza da direção.
De onde vem essa tal de Selic?
O leitor mais inquieto pode estar se perguntando porque ter uma taxa de juros básica que afeta toda a economia. A verdade é que o intuito é que a Selic funcione justamente como um instrumento para que o Banco Central possa influenciar na economia.
Se a economia está desaquecida, com baixo crescimento do PIB, desemprego em alta e inflação baixa, o Banco Central pode diminuir a taxa Selic e estimular a economia.
Caso a economia esteja demasiadamente aquecida, com inflação crescente e acima da meta, o Banco Central pode aumentar a taxa Selic e desestimular a economia, a fim de que ela volte para um equilíbrio sustentável.
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