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Você ainda guarda o seu dinheiro na poupança? Apesar da baixa rentabilidade, a caderneta de poupança segue sendo a categoria de investimento favorita dos brasileiros, especialmente devido a sua popularidade histórica e segurança. A desconfiança do mercado no ano ajudou a poupança seguir como a escolha favorita dos investidores: 238 milhões de contas de poupança resistiram.
De acordo com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em outubro deste ano (dado mais recente) existiam 238,8 milhões de contas de poupança, nas quais estavam depositados R$ 947,6 bilhões. Em igual mês de 2021, o FGC tinha em seus registros 233,9 milhões de contas e R$ 992 bilhões alocados nelas.
Ou seja, mesmo com tudo contra, houve até queda no volume investido, mas o total de investidores interessados na poupança aumentou 2,1% em um ano. Apesar da “zero rentabilidade”, a poupança tem alguns diferenciais que chama a atenção da grande população.
A poupança é isenta de custos e não há incidência de tributos. Os rendimentos não pagam Imposto de Renda. A liquidez é outro ponto positivo. Ao solicitar um resgate, os recursos caem na conta corrente no mesmo momento, de maneira simples e nada burocrática.
Além disso, os investimentos contam com a proteção do FGC – o Fundo Garantidor de Crédito, mantido pelas instituições financeiras. O FGC assegura que, em caso de calote ou quebra do banco, quem tem dinheiro aplicado na caderneta receberá de volta até R$ 250 mil.
A “perda-fixa”
Fernando Zetune Marrocco, CFP da Braúna Investimentos, gosta de fazer uma brincadeira quando o assunto é poupança: “Temos a renda fixa como opção de investimento. E a poupança é a ‘perda fixa’”, diz ele.
Desse modo, fica bastante claro que tempo de se guardar dinheiro na poupança já acabou, e o ano de 2022 veio para provar isso. Quem apostou na poupança, na verdade perdeu dinheiro, com o rendimento abaixo da inflação no período.
Além da inflação, a poupança também perde para todos os outros investimentos populares de renta fixa. Confira abaixo:
acumulado 2021 (%) | 2022 até novembro(%) | 2023 (previsão Relatório Focus) | |
Poupança | 2,98 | 7,11 | 8,23 |
Selic | 4,39% | 11,09 | 11,75 |
CDI | 4,39 | 11,09 | 11,75 |
RF 105% CDI liquidez diária | 4,61 | 11,65 | 12,34 |
IPCA | 10,06 | 5,11 | 5,08 |
Juro real poupança | -6,43 | 1,9 | 2,99 |
juro real | -5,15% | 5,69 | 6,35 |
Juro real RF 105% CDI | -4,95 | 6,22 | 6,91 |
Poupança também não foi só prejuízo
Neste ano, a poupança teve seu momento de glória. Depois de exatos dois anos, a caderneta voltou a ter rendimento real positivo em setembro. Significa que o investimento acumulou, em 12 meses, uma rentabilidade superior à inflação verificada em igual período.
E foi por pouco. Enquanto o retorno da poupança foi de 7,19% nos 12 meses até setembro, a inflação – medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) – somou 7,17%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A diferença, portanto, foi de 0,02 ponto percentual.
A última vez em que a caderneta havia registrado rendimento real positivo – de 0,45% – ocorreu em agosto de 2020.
Mais do que a rentabilidade em si da poupança, o que contribuiu para o rendimento real da caderneta voltar ao azul foi justamente a redução da inflação. O IPCA ficou negativo pela terceira vez consecutiva em setembro. A deflação foi de 0,29% – o indicador já tinha ficado em -0,36% em agosto e em -0,68% em julho (o mais baixo de toda sua série histórica).
Com isso, a inflação acumulada em 12 meses caiu de 11,89% em junho (mês que precedeu a sequência de deflações) para os 7,17% verificados em setembro. Mas, esse cenário foi pontual e faz parte do passado. Quando um investimento rende menos do que a inflação, podemos dizer seguramente que ele é ruim. Mesmo com tantos “predicados”, a poupança não oferece o que o investidor mais quer: bons rendimentos.
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