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- O Brasil enfrenta uma retirada significativa de investimentos estrangeiros, superando 41 bilhões de reais este ano.
- André Machado, CEO do projeto “Os 10%”, atribui essa saída a fatores como a preferência por investimentos mais seguros e rentáveis nos EUA.
- Cerca de 86% das reservas do Banco Central do Brasil estão atualmente investidas em títulos americanos, refletindo essa preferência.
- A situação fiscal precária do Brasil, com risco de rebaixamento da nota de crédito, aumenta a percepção de risco para os investidores estrangeiros.
- A disparidade nas taxas de juros entre Brasil e EUA, combinada com a instabilidade política, torna os títulos brasileiros menos atrativos.
- Tensões geopolíticas globais, como eventos no Oriente Médio e decisões de grandes potências, também impactam os movimentos de capital.
- O Brasil precisa melhorar sua estabilidade fiscal e política para recuperar a confiança dos investidores estrangeiros e revitalizar seu mercado de investimentos.
Em fevereiro deste ano, os investimentos diretos no país (IDP) totalizaram ingressos líquidos de US$ 5 bilhões. Comparando-os, portanto, com US$ 7,2 bilhões no mesmo período de 2023, conforme dados do Banco Central (BC).
Em fevereiro, os investimentos estrangeiros diretos alcançaram o menor valor para o mês desde 2021, totalizando R$ 8,7 bilhões, de acordo com o Banco Central. Os dados revelam ingressos líquidos de US$ 4,5 bilhões em participação no capital e US$ 474 milhões em operações intercompanhia.
O IDP acumulado em 12 meses atingiu US$ 62 bilhões em fevereiro de 2024, equivalente a 2,80% do PIB. Assim, representando uma queda em comparação com os US$ 74,8 bilhões registrados em fevereiro de 2023.
Ainda, em fevereiro, os investimentos na bolsa de valores brasileira apresentaram saídas líquidas de US$ 2,9 bilhões, devido a resgates líquidos de US$ 2,1 bilhões em ações e fundos de investimento. Além de US$ 857 milhões em títulos de dívida, conforme dados do BC.
Nos últimos doze meses até fevereiro, os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram ingressos líquidos de US$ 4,4 bilhões. As reservas internacionais do Brasil totalizaram US$ 352,7 bilhões em fevereiro de 2024, diminuindo US$ 2,4 bilhões em relação ao mês anterior.
De acordo com o Banco Central, a redução das reservas internacionais se deveu, principalmente a variações negativas de preços, totalizando US$ 2,3 bilhões, e de paridades, cerca de US$ 481 milhões. No mesmo período, as receitas de juros alcançaram US$ 648 milhões.
Retirada de investimentos estrangeiros atinge o Brasil em meio a incertezas econômicas globais
Em entrevista exclusiva à BM&C News, André Machado, o CEO do projeto “Os 10%” e conhecido como “Guru da Wall Street”, destacou os fatores cruciais que têm desencorajado investidores estrangeiros a manterem seus recursos no país.
Preferência por segurança e rentabilidade nos EUA
Uma das principais razões apontadas por Machado é a preferência dos investidores por ativos considerados seguros e com melhores rendimentos nos Estados Unidos. Ele enfatizou que cerca de 86% das reservas do Banco Central do Brasil estão atualmente investidas em títulos americanos, refletindo a atratividade desses ativos frente à volatilidade econômica brasileira.
Situação fiscal e risco de rebaixamento
Além disso, Machado alertou para a precária situação fiscal do Brasil, que corre o risco de ter sua nota de crédito rebaixada caso a política fiscal continue a se deteriorar. Esta perspectiva aumenta significativamente a percepção de risco entre os investidores estrangeiros, desencorajando novos aportes no país.
Impacto das taxas de juros e instabilidade política
O economista ressaltou também a influência direta das taxas de juros no Brasil em comparação com as dos Estados Unidos. A disparidade, combinada com a histórica instabilidade política e econômica do Brasil, torna os títulos brasileiros menos atrativos para investidores internacionais em busca de retornos mais seguros.
Fatores geopolíticos globais
A discussão se estendeu ainda para as tensões geopolíticas globais, que têm potencial para impactar os movimentos de capital em mercados emergentes como o Brasil. Machado mencionou que eventos no Oriente Médio e decisões de política externa de potências globais como China e Rússia têm contribuído para a volatilidade nos mercados mundiais, afetando a confiança dos investidores.
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