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- A inflação segue disparando em toda a economia global devido aos riscos e problemas na cadeia de suprimentos;
- Os dados do IBGE apontam nova alta dos índices, mas até onde vai a inflação?
Os juros futuros entraram em queda depois que o IPCA veio abaixo das expectativas do mercado, trazendo a esperança de que a alta da Selic esperada para a próxima semana seja a última deste ciclo de aperto monetário. O índice oficial da inflação brasileira ficou em 0,47% em maio, segundo o IBGE.
Foi a menor variação mensal desde abril do ano passado. Na média, os analistas esperavam uma alta de 0,60%. A desaceleração era esperada dada a trégua na alta dos preços dos alimentos e a redução nas tarifas de eletricidade com o fim da cobrança adicional da bandeira de escassez hídrica.
A alta nos combustíveis também perdeu força. Apesar do alívio, a alta nos preços permanece generalizada e disseminada.
Entre os produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 72% deles tiveram aumento nos preços. Mesmo assim, analistas acreditam que abril pode ter marcado o pico do ciclo inflacionário de alta. No acumulado em 12 meses, o IPCA registra variação de 11,73%, abaixo dos 12,13% de abril, mas ainda bem acima da meta de inflação estabelecida pelo governo, que é de 3,5% para 2022, com tolerância de até 5%. O índice se mantém acima de 10% desde setembro.
O Copom vai se reunir semana que vem para definir a taxa Selic. O mercado dá como certa uma nova alta de 0,5%, levando o juro básico da economia para 13,25%. A dúvida é se, depois desse novo ajuste, o BC vai parar de subir os juros ou se decidirá por uma nova alta na reunião de agosto.
Até lá, porém, muita coisa pode acontecer. Um fator decisivo a ser avaliado será o efeito do pacote de alívio tributário destinado a reduzir o preço dos combustíveis, que o governo tenta aprovar no Congresso. O impacto final nas bombas dos postos de gasolina dependerá da adesão dos estados, mas o governo estima que o preço do litro da gasolina poderá cair R$ 1,76, e o do diesel, R$ 0,76.
Entre os analistas econômicos, existe o temor de que o alívio inflacionário no curto prazo poderá se transformar em uma inflação mais elevada no próximo ano, entre outros motivos por causa do impacto fiscal das medidas. O Ministério da Economia tenta manter o custo do pacote abaixo dos R$ 50 bilhões. Estados e municípios, entretanto, falam em perdas superiores a R$ 100 bilhões por causa da queda na arrecadação do ICMS. De acordo com o boletim Focus do BC, as instituições financeiras e consultorias esperam que a inflação fique ao redor de 9% neste ano.
De acordo com as estimativas dos economistas da XP, se todas as medidas propostas de redução de impostos forem adiante, poderá ocorrer uma diminuição de até 2,9 pontos percentuais na inflação. O Bradesco estima a queda em 3 pontos percentuais. Ou seja, o IPCA de 2022 recuaria para perto de 6%. Mas o pacote de bondades tem prazo para acabar. Se aprovado, ele vai vigorar até dezembro – convenientemente um mês após as eleições. O BC, ao analisar o cenário econômico, precisa levar em consideração o próximo ano, e as expectativas são de piora na inflação adiante. As previsões para o IPCA de 2023 estão ao redor de 5%, quando a meta oficial é de 3,35%, com tolerância até 4,75%.
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