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Apesar do cenário econômico desafiador, as pessoas ainda esperam um desempenho superior dos seus investimentos, de acordo com a terceira fase do Estudo Global de Investidores da Schroders 2022.
Foram entrevistadas mais de 23 mil pessoas, em 33 localidades em todo o mundo, que pretendem investir 10 mil euros ou mais nos próximos 12 meses e que fizeram alterações em seus investimentos nos últimos 10 anos.
Os resultados mostraram que os investidores do mundo todo esperam retornos de 11,37% para os próximos cinco anos. Embora esteja acima do nível de 11,31% esperado em 2021, esse aumento de 0,06 ponto percentual foi o menor registrado desde 2018, considerando-se que a taxa média de crescimento das expectativas dos investidores desde 2017 é de 0,23 ponto percentual por ano. Ou seja, com alta da inflação e das taxas de juros, as expectativas de retorno estão crescendo a um ritmo mais lento do que anteriormente.
As variações regionais nas expectativas de retorno também foram bastante pronunciadas. As pessoas na África do Sul estavam particularmente otimistas, esperando retornos de 16,05%, provavelmente impulsionadas pelo desempenho melhor do que o esperado de seu mercado doméstico em 2021. Em contraste, as pessoas na Itália e na França foram mais cautelosas, esperando retornos de 9,8% e 9,2%, respectivamente.
No Brasil, as previsões de retorno anual nos próximos cinco anos ficaram em uma média de 15,12%, contra 14,64% em 2021.
Mudando de rumo devido à inflação
Curiosamente, 80% dos investidores que classificaram seu conhecimento como “especialista” afirmaram que já haviam feito mudanças em suas estratégias de investimento em resposta ao aumento da inflação. Isso em comparação com 55% das pessoas em média.
Por sua vez, apenas 29% dos investidores autodefinidos como “iniciantes” e 27% dos investidores de nível “básico” mudaram sua estratégia de investimento à luz dos desafios da inflação.
No Brasil, 56% dos investidores disseram ter mudado sua estratégia de investimento diante da alta da inflação, 32% pretendem fazê-lo e 11% não mudaram nada.
Cautela e foco na diversificação
Muitos investidores globais estão procurando ter cautela em resposta a essa perspectiva mais desafiadora, com 43% sendo mais propensos a economizar mais e gastar menos. E outros 42% estão procurando aumentar a diversificação em suas carteiras.
No entanto, 60% dos investidores ainda acreditavam que seus investimentos eram diversificados o suficiente para mitigar o impacto de um evento de mercado significativo.
Os títulos do governo e dinheiro em espécie foram citados como as classes de ativos menos atrativas por quase um quarto dos entrevistados (24% e 23%, respectivamente). Esse foi particularmente o caso das Américas, onde 27% acharam os títulos do governo menos atrativos.
Por outro lado, metade dos entrevistados globalmente (48%) achava os fundos de gestão ativa mais atrativos em relação a seis meses atrás, demonstrando a importância dada à consultoria especializada em momentos desafiadores.
Os ativos privados também foram considerados mais atrativos por 40% das pessoas, e cerca de 43% achavam os ativos digitais mais atrativos que há seis meses.
No Brasil, entre os investimentos que se tornaram mais atrativos, destacam-se as criptomoedas, que para 60% dos entrevistados estão mais atrativas nos últimos seis meses. Em seguida, vêm fundos de gestão ativa (52%) e os ativos digitais (50%). Em linha com o resultado global, 40% dos investidores brasileiros também acham os ativos privados mais atrativos agora.
Globalmente, os investimentos temáticos cresceram em demanda entre os investidores, com 57% interessados em alocar em tecnologia. Da mesma forma, a sustentabilidade e os veículos elétricos permaneceram temas-chave, com 52% e 46% dos investidores, respectivamente, achando-os mais atrativos.
No Brasil, 70% gostariam de investir em tecnologia, 60% em sustentabilidade, 59% em criptomoedas e 51% em veículos elétricos.
“Ao analisar o estudo, vemos que o investidor brasileiro parece estar recorrendo à gestão ativa e procurando orientação especializada para alcançar objetivos mais complexos, que incluem uma maior diversificação, ativos menos conhecidos e altas expectativas de retorno, em meio a um cenário de maiores incertezas”, explica Daniel Celano, CFA, Diretor-Presidente da Schroders Brasil.
Orientação especializada
Nossas descobertas indicam que as pessoas podem estar mais inclinadas a recorrer a especialistas para encontrar respostas nesses tempos de incerteza, com 39% dos investidores mais propensos a falar com um consultor financeiro à medida que as taxas de juros aumentam.
Além disso, os investidores que se definiram como mais experientes também estavam mais propensos a recorrer à experiência de um gestor ativo em comparação com seis meses atrás. Por exemplo, cerca de 63% dos investidores “especialistas” e 51% dos investidores “avançados” agora consideram os fundos de gestão ativa mais atrativos.
Esse é particularmente o caso de dois terços dos investidores “especialistas” (63%), que reconhecem o valor agregado de um gestor de fundos ativo em tempos difíceis.
“Estes são tempos incomuns, com a inflação em muitos países agora em seu nível mais alto em várias décadas. Existe o perigo de que o otimismo dos investidores em relação aos retornos futuros se baseie na experiência dos últimos anos, quando a inflação estava sob controle e o custo de crédito estava em níveis recordes. Agora estamos entrando em uma fase nova e sem dúvida muito mais desafiadora”, disse Lesley-Ann Morgan, Diretora de Estratégia Multimercado da Schroders.
“De fato, é em momentos como este que o conhecimento e a experiência de gestores ativos se tornam cada vez mais cruciais, com os investidores procurando controlar o risco de seus investimentos e também diversificar”, afirmou.
Em meio a esse ambiente desafiador, o estudo também descobriu que mais da metade dos investidores (58%) concorda que o desempenho de seus investimentos tem um impacto direto em sua saúde mental, enfatizando ainda mais o papel fundamental que gerentes ativos e consultores financeiros têm em apoiá-los. No Brasil, essa porcentagem é ainda maior, com 60% das pessoas sentindo que o desempenho de seus investimentos tem um impacto direto em seu bem-estar mental, embora essa parcela tenha diminuído 12 pontos percentuais desde 2021.
O relatório GIS completo focado na resposta dos investidores ao aumento da inflação pode ser acessado aqui.
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