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Ações da Americanas (AMER3) avançam após acordo para abater dívida: é hora de voltar a investir?

Acordo bilionário com a Fazenda dá fôlego à varejista e analistas avaliam se cenário é realmente favorável

americanas 2
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Depois que a Americanas (AMER3) anunciou um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para abater uma dívida de R$ 865 milhões, as ações da companhia voltaram ao holofote do mercado.

A varejista conseguiu um desconto expressivo de R$ 500 milhões, o equivalente a 70% do total, com isenção integral de juros e multas. O movimento é importante dentro de sua recuperação judicial, iniciada em janeiro de 2023 após o escândalo contábil que revelou fraudes bilionárias.

Com o anúncio, as ações AMER3 fecharam a última segunda-feira (16) em alta, cotadas a R$ 5,49. Nesta terça-feira (17), o ritmo segue positivo com subia de 1,47% a R$ 5,52, por volta das 11:30.

Nesse sentido, a dúvida que paira no ar é: vale a pena voltar a apostar nos papéis da Americanas?

Americanas ainda é uma “penny stock disfarçada”

Apesar do avanço, analistas seguem extremamente cautelosos sobre AMER3. Marcos Praça, diretor da ZERO Markets Brasil, é direto: “Lembramos que a empresa ainda está marcada por fraudes, má gestão e problemas estruturais. Esse acordo não muda isso.”

Ele reforça que as ações da Americanas se enquadra tecnicamente como uma penny stock, apesar do preço acima de R$ 1.

“Se considerarmos o valor real após o grupamento, ela ainda está abaixo disso”, destaca Praça.

Rafael Ragazi, analista da Nord Investimentos, vai na mesma linha: “Evitem Americanas. Ela não consegue manter sua estrutura de pé. As vendas seguem em queda e a operação está patinando.”

Situação financeira ainda é delicada

O acordo, segundo comunicado da empresa, será pago com conversão de depósitos judiciais, créditos fiscais e recursos do próprio caixa — que segue pressionado.

A Americanas registrou prejuízo de R$ 496 milhões no primeiro trimestre de 2025, revertendo um lucro de R$ 453 milhões no mesmo período do ano anterior. A receita líquida caiu 17,4%, somando R$ 3,05 bilhões.

Apesar da explicação da empresa sobre o impacto da mudança da data da Páscoa no desempenho — em 2025 a data caiu em abril, ao contrário de 2024 — analistas afirmam que os problemas vão muito além de sazonalidade.

O acordo muda alguma coisa?

Embora o acordo com a PGFN seja relevante para evitar sanções, liberar certidões negativas e melhorar a posição fiscal da empresa, ele não reverte os principais gargalos da companhia: prejuízos constantes, dificuldade operacional e perda de credibilidade junto ao mercado.

Além disso, a recuperação judicial ainda está em curso, o que adiciona mais um fator de risco para o investidor.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.