
O dólar abriu em alta nesta sexta-feira (13), refletindo a forte aversão ao risco nos mercados globais após Israel lançar ataques em larga escala contra o Irã. Às 9:20, a moeda norte-americana subia 0,45%, cotada a R$ 5,567.
O ataque, ocorrido na madrugada de sexta-feira no horário local (noite de quinta-feira em Brasília), mirou infraestruturas nucleares iranianas e resultou na morte de figuras-chave da cúpula militar de Teerã, como Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária, e Mohammad Bagheri, chefe das Forças Armadas. Dois cientistas nucleares também estariam entre os mortos.
Em resposta, o Irã lançou mais de 100 drones contra Israel, que orientou a população a permanecer próxima de abrigos e evitar áreas abertas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que o Irã deveria “fazer um acordo nuclear antes que não sobre mais nada”, aumentando a pressão internacional sobre o regime iraniano.
Fuga para ativos seguros
O cenário de tensão geopolítica intensa levou os investidores globais a migrar para ativos considerados mais seguros.
Além do dólar, o ouro também disparou: o metal subia 1%, cotado a US$ 3.416 a onça, aproximando-se do recorde de US$ 3.500,05 registrado em abril.
“Não sabemos se isso vai se transformar em uma guerra regional maior, mas supondo que não seja o caso, o foco das ações europeias logo estará em outro lugar novamente”, avaliou Frank Oland, estrategista-chefe do Danske Bank.
O que mais impacta o dólar hoje?
Além das tensões geopolíticas, as medidas anunciadas pelo governo brasileiro para compensar a suspensão do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) continuam impactando o câmbio.
A solução apresentada, por meio de decreto e medida provisória, focou novamente no aumento de arrecadação via mais tributação, em vez de cortes de gastos — o que reacendeu as críticas sobre a condução da política fiscal.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, deixou claro que o clima no Congresso não é favorável à elevação de impostos como solução para os desequilíbrios nas contas públicas.
Essa resistência política aumenta a incerteza em relação à viabilidade do plano fiscal do governo.
Selic pode subir mais
Diante da desconfiança fiscal e da inflação ainda resistente, o mercado voltou a projetar que o Banco Central (BC) poderá precisar retomar a alta da taxa Selic.
O cenário doméstico de risco fiscal elevado pressiona os juros, mesmo em um contexto global que começa a sinalizar flexibilização monetária.
Nos EUA, pressão por corte de juros
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump voltou a pressionar o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, pedindo cortes nas taxas de juros para aliviar o peso da dívida pública americana, que já supera US$ 600 bilhões.
Os dados de inflação divulgados nesta semana reforçam a possibilidade: índices de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) vieram abaixo das expectativas, alimentando apostas de que o Fed poderá reduzir os juros ainda neste semestre.