Bancão dos EUA recomenda evitar ações da bolsa brasileira — entenda os motivos

Commodities pressionadas, incertezas fiscais e eleições de 2026 pesam sobre perspectiva do BofA para o Brasil

b3 bolsa ibovespa2 facebook
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Pela primeira vez em quase três anos, o Bank of America (BofA) adotou uma postura neutra em relação à bolsa brasileira, cortando sua recomendação para ações do país de overweight (exposição acima da média) para market-weight no portfólio latino-americano.

O ajuste sinaliza que o banco não vê mais motivos suficientes para alocar recursos acima da média no mercado acionário nacional.

O rebaixamento, anunciado nesta quarta-feira (11) em relatório assinado pelo estrategista David Beker, ocorre em meio à perda de tração de fatores internos e a uma visão mais cautelosa em relação às principais commodities que compõem o Ibovespa, como petróleo e minério de ferro.

“O enfraquecimento dos gatilhos domésticos, somado a uma visão conservadora sobre as commodities, justifica o ajuste de posicionamento no Brasil”, escreveram os analistas do BofA.

Incertezas fiscais e eleição à vista

Segundo o banco, o cenário local apresenta baixa visibilidade sobre as taxas de juros de longo prazo, o que compromete projeções de lucros para empresas brasileiras em 2026, ano marcado por novas eleições presidenciais.

A deterioração fiscal e a expectativa de maior volatilidade política contribuem para o tom de cautela.

Mesmo com o forte desempenho do Ibovespa, que acumula alta de mais de 13% em 2024, e do índice MSCI Brasil, com ganhos superiores a 20%, o BofA entende que parte desse rali já foi precificada, especialmente por investidores buscando diversificação além da bolsa americana.

Destaques e oportunidades nas ações da bolsa brasileira

Apesar do rebaixamento, o relatório não é totalmente pessimista. O BofA reconhece avanços positivos nos balanços corporativos do primeiro trimestre e vê sinais de maior disciplina financeira entre as empresas listadas no Brasil.

Nesse contexto, o banco recomenda manter exposição a ações da bolsa brasileira, com destaque para o setor de saúde.

A farmacêutica Hypera foi incluída no portfólio sugerido para a América Latina, em meio à busca por nomes defensivos e com crescimento previsível.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.