
- Azul lidera as perdas do dia, com queda de 16%, após prejuízo muito acima do esperado e aumento de custos operacionais
- Petrobras recua após declarações preocupantes de suas executivas sobre o cenário desafiador e os investimentos
- Resultados mistos de empresas do agro e do setor financeiro pressionam o Ibovespa, com destaque negativo para JBS e CVC
A terça-feira foi marcada por fortes emoções na Bolsa brasileira, puxadas principalmente por resultados corporativos negativos e declarações que aumentaram o clima de incerteza. O maior tombo ficou com a Azul (AZUL4), que despencou 16,08% após divulgar um prejuízo 5,6 vezes maior no primeiro trimestre de 2025.
A alta dos custos operacionais surpreendeu negativamente o mercado e apagou qualquer otimismo com a companhia. No acumulado de 2025, a ação já desvalorizou mais de 66%, configurando uma das maiores perdas do ano.
A CVC (CVCB3) também reportou números financeiros, reduzindo seu prejuízo em 78,5% no trimestre. Ainda assim, a ação caiu 3,64%, refletindo a percepção de que a melhora não foi suficiente para reverter os desafios estruturais da empresa. A companhia indicou que deve desacelerar a abertura de novas lojas ao longo de 2025, priorizando maior eficiência, embora prometa seguir acima da média do setor.
Setor agro e alimentos tem dia misto
Entre as empresas do agronegócio, os números do 1T25 provocaram reações divergentes. A Boa Safra (SOJA3) disparou 8,45%, após apresentar resultados sólidos e animar investidores. Já a Raízen (RAIZ4) perdeu 4,47%, em linha com a divulgação de números abaixo do esperado.
A SLC Agrícola (SLCE3) recuou 1,69%, mesmo com a empresa reafirmando que pretende retomar sua alavancagem ideal até 2026 e que não vê riscos para o pagamento de dividendos.
Já a JBS (JBSS3) decepcionou os investidores, mesmo com lucro 77% maior no primeiro trimestre. A empresa apresentou fluxo de caixa abaixo das expectativas, o que pressionou as ações, que fecharam o dia com baixa de 3,67%.
Petrobras e Vale decepcionam, bancos tentam segurar o Ibovespa
As gigantes Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), que juntas têm grande peso no Ibovespa, também encerraram o dia no vermelho. A Vale recuou 0,49%, mesmo com a alta do minério de ferro na China. A Petrobras caiu 0,68%, após falas de suas executivas gerarem apreensão.
A presidente da estatal, Magda Chambriard, declarou que a companhia enfrentará um período “ainda mais desafiador” e que chegou a “hora de apertar o cinto”. Já a diretora de Exploração e Produção, Sylvia dos Anjos, afirmou que não haverá cortes nos investimentos, o que gerou dúvidas sobre o equilíbrio financeiro da estatal.
No setor financeiro, a B3 (B3SA3) registrou um aumento de 12,5% no volume negociado em abril. Mesmo assim, a ação recuou 2,01%. Os bancos ajudaram a conter uma queda maior do índice: o Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 0,68%, enquanto o Bradesco (BBDC4) caiu 0,13%.
No radar externo, os Estados Unidos divulgarão nesta quinta-feira os dados de vendas no varejo em abril, enquanto a zona do euro revelará uma nova prévia do PIB do 1º trimestre de 2025. O mercado adota tom de cautela, com analistas alertando que a calmaria pode não durar.