
A Brava Energia (BRAV3) convocou uma Assembleia-Geral Extraordinária (AGE) para o próximo dia 24 de junho. O foco da reunião é a proposta de exclusão de quatro artigos-chave do estatuto social — os de números 40, 41, 42 e 48 — que tratam da obrigatoriedade de realização de OPA (Oferta Pública de Aquisição) em caso de aquisição de participação relevante na empresa.
A proposta foi apresentada pelo fundo Yellowstone, veículo de investimentos do grupo Ebrasil Energia, que recentemente adquiriu 5,29% das ações da Brava e passou a ser o terceiro maior acionista, atrás apenas do Bradesco e da Jive.
A Ebrasil também já tem voz ativa na companhia: em maio, emplacou Richard Kovacs, seu diretor comercial, no conselho de administração da Brava.
O que está em jogo?
No centro da discussão está uma cláusula de proteção acionária conhecida como “poison pill”, que exige que qualquer investidor que ultrapasse 25% de participação na empresa realize uma OPA para 100% das ações, com um prêmio de 25% sobre o valor de mercado. Traduzindo: a obrigação de desembolsar mais de R$ 10 bilhões para aumentar a fatia na companhia.
Segundo o Yellowstone, essa cláusula fazia sentido no passado — quando a Brava ainda era uma empresa em estágio inicial — mas hoje representa um entrave à atração de novos investidores estratégicos, além de restringir movimentações financeiras e operacionais essenciais para a próxima fase de crescimento da petroleira.
“A maturidade atual da Brava, sua consolidação no setor e a evolução de sua base acionária tornam essas cláusulas obsoletas. Elas limitam a flexibilidade estratégica da companhia e afastam potenciais sócios de peso”, defendeu o fundo em carta enviada à administração da empresa.
Nova fase à vista?
A possível exclusão das cláusulas de OPA não é apenas um ajuste técnico: ela abre caminho para uma transformação na estrutura de controle da Brava.
Na prática, a medida facilitaria o aumento da participação da Ebrasil, permitindo fusões, aquisições ou rodadas de capital sem o custo exorbitante de uma oferta pública compulsória.
Mais do que uma disputa societária, o movimento pode sinalizar uma reconfiguração estratégica no setor de óleo e gás. A Ebrasil, que já tem participação na Ocyan, operadora de plataformas no campo de Papa-Terra — um dos principais ativos offshore da Brava —, busca criar sinergias verticais entre produção e consumo de energia, integrando a cadeia e maximizando valor.