Mercado preocupado

Brava (BRAV3): salto da alavancagem no 1T25 derruba ações — o que aconteceu?

Apesar de avanço na produção e receita, alavancagem subir para 3,4x e fluxo de caixa ainda pressionado, levanta dúvidas sobre capacidade da empresa entregar valor aos acionistas no curto prazo

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Brava Energia (BRAV3)
Foto: Divulgação

A Brava Energia (BRAV3) observa uma queda significativa de suas ações nesta terça-feira (13), após a companhia divulgar balanço financeiro do 1° trimestre de 2025 (1T25). Por volta das 10:40, os papéis caiam 2,25%, cotados a R$ 19,56.

O principal ponto que sustenta essa reação é o aumento da alavancagem financeira da empresa.

Durante os três primeiros meses de 2025, a alavancagem subiu de 2,8x para 3,4x Dívida Líquida/EBITDA, ainda dentro do limite temporário aprovado pelos credores (4,0x), mas fora da zona de conforto de investidores mais conservadores.

“A estrutura de capital momentaneamente mais alavancada comprime o fluxo de caixa livre para os acionistas, que segue negativo, impedindo de registrar o retorno que outros pares da indústria já entregam”, alertou a Genial Investimentos, que manteve recomendação neutra (MANTER) para BRAV3.

A XP Investimentos compartilha a mesma preocupação. “Acreditamos que o mercado pode reagir negativamente ao aumento da alavancagem e a maiores lifting costs no trimestre”, observou a equipe de análise.

No geral, as casas avaliam que o desempenho reportado pela Brava não anima nenhum pouco o mercado.

Isso porque, o resultado operacional ficou 16% abaixo do consenso de mercado, com o EBITDA (lucro antes juros, impostos e amortizações) pressionado pelos altos custos de produção, especialmente no segmento offshore.

Desempenho

Segundo dados reportados pela companhia, o EBITDA ajustado ficou em R$ 1,1 bilhão — em linha com as projeções da XP Investimentos — e representou um salto de +112% na comparação trimestral.

O lucro líquido veio bem acima das expectativas da XP, atingindo R$ 829 milhões, impulsionado principalmente por ganhos financeiros não recorrentes.

Produção em Alta, Lifting Cost Também

A produção média no trimestre foi de 71,1 mil barris de óleo equivalente por dia (kboed), um aumento trimestral expressivo de 81%, graças à retomada das operações em Papa-Terra e Atlanta.

Já em abril, a Brava alcançou um novo recorde, com 81,8 kboed — marca vista como fundamental para a diluição dos custos fixos.

“Desde então, Atlanta conectou dois poços (4H e 5H em abril) e continuará a aumentar a produção com mais dois poços até junho”, destacou a XP, que vê espaço para nova expansão da produção nos próximos meses.

O aumento da produtividade, no entanto, veio acompanhado de um crescimento nos custos. O lifting cost consolidado subiu para US$ 20/boe, uma alta de 14,3% t/t, pressionado pelo perfil ainda inicial de produção dos ativos offshore.

“Papa-Terra registrou um lifting cost de US$ 36,8/boe, refletindo tanto a retomada pós-parada programada quanto os programas de recuperação de integridade”, apontou a Genial.

A XP reforça que os custos devem se normalizar nos próximos trimestres com a maturação das operações. “Esperamos que [o lifting cost] seja diluído com o aumento da produção nos próximos trimestres”, comenta a casa.

Oportunidades à Frente

Apesar dos desafios, ambas as casas de análise enxergam gatilhos importantes para uma possível reprecificação do papel: continuidade no aumento da produção, especialmente nos ativos offshore, e melhora nos preços do Brent.

“Vemos como gatilhos para uma nova reprecificação do case o efetivo aumento de produção nos novos poços e um cenário de preços da commodity mais altos que os atuais”, aponta a Genial.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.