
O dólar abriu nesta segunda-feira (16) pressionado por uma combinação de fatores que, pelo menos por enquanto, jogam a favor do real. Por volta das 09:15, a moeda americana operava em queda de 0,41%, cotada a R$ 5,52. Esse valor supera a mínima do ano, que estava no patamar de R$ 5,53.
O preço do dólar é fortemente influenciado pela disparada nos preços do petróleo em meio à escalada do conflito entre Israel e Irã.
Dessa forma, o mercado segue digerindo riscos geopolíticos, apostas sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos, e uma agenda econômica carregada de dados que podem virar o rumo do câmbio nos próximos dias.
Confira a seguir o que influencia o dólar:
Petróleo em alta, real em alta
A valorização do petróleo no mercado internacional está no centro da dinâmica cambial. Como o Brasil é exportador da commodity, o salto nos preços melhora os termos de troca do país e tende a atrair fluxo estrangeiro, favorecendo a moeda brasileira.
Em meio à nova tensão no Oriente Médio, investidores globais migram para ativos considerados mais seguros e valorizam moedas de países com fundamentos sólidos e exportadores de energia — caso do Brasil, pelo menos neste contexto.
Decisão de juros do Copom no radar
Mas o fator doméstico que realmente pode dar direção ao câmbio nesta semana é a reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), que acontece na quarta-feira (18), após o fechamento do mercado.
A expectativa dominante, por ora, é de manutenção da Selic em 13,75%, mas essa percepção pode mudar ainda hoje com a divulgação do IBC-Br de abril, que funciona como uma prévia do PIB.
Se o índice surpreender para cima, pode aumentar a chance de uma alta residual de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, o que tornaria os ativos brasileiros ainda mais atrativos e fortaleceria o real.
Um resultado abaixo do esperado, por outro lado, pode reforçar o discurso de estabilidade e limitar a valorização cambial.
Ruídos políticos e feriados: Brasília fora de jogo?
Do lado político, a semana começa com expectativa em torno do projeto de decreto legislativo que visa derrubar o aumento do IOF promovido pelo governo.
A pauta, segundo o presidente da Câmara, Hugo Motta, deve ser colocada em discussão.
No entanto, as chances de avanço são mínimas: com feriados juninos e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em férias, Brasília deve operar em ritmo lento nos próximos dias.
Apesar disso, o ruído fiscal segue no radar e pode interferir no sentimento do investidor estrangeiro.
Lá fora: Fed mantém juros, mas o tom de Powell decide tudo
Nos Estados Unidos, a grande expectativa também se concentra na quarta-feira, com a decisão do Federal Reserve (Fed).
O mercado acredita amplamente que o Fed manterá os juros no intervalo atual, entre 5,25% e 5,50%, mas a coletiva do presidente Jerome Powell será o verdadeiro divisor de águas.
Se o discurso for mais duro, sinalizando preocupação com a inflação, o dólar pode ganhar força globalmente. Um tom mais brando, por outro lado, pode abrir espaço para moedas emergentes se valorizarem.
Agenda desta segunda-feira (16)
O mercado acompanha hoje o relatório mensal da OPEP, o Índice Empire State nos EUA e, no Brasil, o IGP-10 de junho e o IBC-Br, todos com potencial de alterar a curva de expectativas.