
- Dólar sobe com aprovação de reforma tributária de Trump, que aumenta a dívida pública americana e pressiona emergentes
- Cotação do dólar avança para R$ 5,665, enquanto contratos futuros operam com leve oscilação na B3
- Investidores aguardam relatório fiscal brasileiro e coletiva com ministros, que pode impactar expectativas sobre as contas públicas
O dólar iniciou a manhã desta quinta-feira (22) em alta frente ao real, em meio a tensões nos mercados internacionais e à expectativa de novos dados fiscais do governo brasileiro.
A aprovação, pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, da polêmica legislação tributária proposta pelo ex-presidente Donald Trump gerou impacto imediato nas negociações cambiais. A medida, portanto, reacende preocupações com o aumento da dívida pública americana e reverbera diretamente nos ativos de países emergentes, como o Brasil.
Às 9h11, o dólar à vista subia 0,38%, cotado a R$ 5,665 na venda. Já na B3, o contrato de dólar futuro com vencimento mais próximo operava praticamente estável, com leve recuo de 0,04%, sendo negociado a R$ 5,674. No dia anterior, o dólar havia encerrado em queda de 0,47%, a R$ 5,6413, mostrando a volatilidade que domina o mercado.
Reforma tributária de Trump agita os mercados
Nos Estados Unidos, a Câmara aprovou um pacote legislativo que resgata diversas promessas de campanha do ex-presidente Donald Trump. O novo plano concede isenções fiscais sobre gorjetas, facilita empréstimos para automóveis e amplia os gastos federais com defesa e segurança de fronteiras.
A proposta, embora celebrada por setores da economia conservadora americana, gerou forte reação entre analistas econômicos.
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), uma entidade apartidária e independente, as mudanças poderão adicionar impressionantes US$ 3,8 trilhões à já elevada dívida federal dos EUA, que atualmente supera US$ 36,2 trilhões.
A expectativa de aumento no déficit fiscal pressiona os juros dos títulos do Tesouro americano, o que, por sua vez, eleva a atratividade dos ativos em dólar, fortalecendo a moeda no cenário global.
Essa movimentação contribui para a valorização do dólar frente a moedas de países emergentes, como o real, ampliando a volatilidade nos mercados locais e exigindo cautela por parte dos investidores.
Expectativa cresce com dados fiscais
No cenário doméstico, o foco do mercado se volta para o aguardado Relatório de Receitas e Despesas Primárias, que o governo deve divulgar às 14h30. O documento trará uma visão atualizada sobre o desempenho fiscal do país e será seguido por uma coletiva de imprensa, prevista para as 15h. Estão confirmadas as presenças do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
A expectativa gira em torno de possíveis ajustes nas metas fiscais e eventuais novas medidas para conter o avanço da dívida pública. Investidores e analistas aguardam sinais claros sobre o comprometimento do governo com o equilíbrio fiscal. Contudo, em um momento em que os gastos públicos voltam ao centro do debate político e econômico no país.
A divulgação dos dados pode, portanto, redefinir a direção do mercado cambial e impactar diretamente os preços dos ativos brasileiros nos próximos dias. A depender do tom adotado por Haddad e Tebet, o real pode ganhar força. Ou, ainda, enfrentar uma nova pressão.