- EUA e China fecham acordo para reduzir tarifas, o que anima mercados globais e valoriza o dólar
- Real perde força com alta nos juros dos EUA e incertezas fiscais no Brasil
- Mercado acompanha entrevista de Fernando Haddad e reunião entre líderes de Rússia e Ucrânia
O dólar começou a semana em alta frente ao real, impulsionado pelo anúncio de um acordo inesperado entre Estados Unidos e China para reduzir as tarifas comerciais punitivas que vinham afetando o fluxo global de mercadorias.
Apesar da reação positiva dos mercados internacionais, a moeda norte-americana avançou no Brasil com força. Dessa forma, refletindo tanto a valorização global quanto incertezas domésticas persistentes.
Cotação do dólar
Às 9h50 desta segunda-feira (12), o dólar à vista subia 0,47%, sendo negociado a R$ 5,681 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro com vencimento em junho registrava alta de 0,57%, alcançando 5.707 pontos.
No mercado de turismo, a moeda norte-americana já ultrapassava os R$ 5,90 nas casas de câmbio, evidenciando o impacto imediato da nova conjuntura geopolítica sobre os preços ao consumidor.
O principal fator por trás dessa valorização é o entendimento firmado no fim de semana entre autoridades dos Estados Unidos e da China durante reuniões em Genebra.
O acordo prevê que os EUA reduzam as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China diminuirá suas taxas sobre bens norte-americanos de 125% para 10%.
Essas novas tarifas, válidas por 90 dias, representam um alívio temporário para o comércio global, que há meses vinha sendo pressionado pelas tensões entre as duas potências.
Passo decisivo
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, classificou o acordo como “um passo decisivo em direção a um comércio equilibrado”. Assim, destacando que os dois países defenderam seus interesses nacionais de forma eficaz.
A trégua reverteu parte do pessimismo que rondava os mercados e afastou, por ora, os temores de recessão global.
Com isso, investidores voltaram a apostar no dólar e em ativos americanos, o que impulsionou os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano. O Treasury de dois anos, por exemplo, subia 12 pontos-base. Ainda, com taxa de retorno atingindo 4%. Contudo, o que reduz a probabilidade de novos cortes de juros pelo Federal Reserve no curto prazo.
Essa reprecificação dos juros nos EUA acaba afetando mercados emergentes como o Brasil. O fluxo de capital migra para ativos mais seguros, provocando desvalorização de moedas como o real. Apesar da melhora no apetite por risco nas bolsas, como a B3, a pressão cambial persiste.
Cenário interno brasileiro
Além disso, o cenário interno brasileiro segue contribuindo para a volatilidade. Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu entrevista ao UOL, na qual reiterou que a política fiscal permanece como prioridade. Mas, evitou promessas de corte imediato de gastos. O mercado aguardava sinais mais claros do governo sobre o compromisso com o controle das contas públicas.
A divulgação do Boletim Focus do Banco Central também influenciou os negócios. Os analistas mantiveram suas projeções para inflação próximas da estabilidade, mas indicaram que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim após a última reunião do Copom em maio. Isso pode limitar o espaço de manobra da política monetária brasileira, em um momento de pressão cambial crescente.
No radar externo, investidores também monitoram a sinalização de um possível encontro entre os presidentes da Rússia e da Ucrânia nesta semana. O movimento pode redefinir os rumos do conflito que se arrasta há mais de três anos e ainda mantém os mercados em alerta.
Com múltiplos fatores pesando sobre o câmbio, o dólar se fortalece em um momento de reconfiguração dos fluxos globais, e o real, mais uma vez, sente o impacto direto da geopolítica internacional e da indefinição fiscal doméstica.