
Nesta sexta-feira (23), o dólar segue influenciado por movimentações no mercado financeiro brasileiro, principalmente, sob o impacto real de uma nova medida do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): o aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em operações de câmbio.
Na quinta-feira (22), o dólar chegou a operar abaixo de R$ 5,60 com a notícia do corte de gastos (R$ 31,3 bilhões) — sinal de que o mercado via com bons olhos o esforço do governo Lula para cumprir a meta fiscal.
No entanto, a euforia durou pouco. Horas depois, o governo editou um decreto aumentando o IOF para 3,5% em uma série de operações, incluindo compras com cartão de crédito internacional, transferências de recursos para o exterior e aplicações em ativos estrangeiros — algumas delas até então isentas ou com tributação muito inferior.
Mercado desconfia
Analistas apontam que a medida é interpretada como uma tentativa de “equilibrar as contas sem cortar na carne”. Estima-se que o novo IOF possa gerar até R$ 20 bilhões em arrecadação — recurso que ajudaria a fechar o rombo fiscal de 2025. No entanto, a forma como a mudança foi feita gerou apreensão.
Para analistas, a impressão é que o governo não quer ou não consegue gastar menos, então recorre ao aumento de imposto.
Segundo o mercado, essa é uma sinalização ruim, especialmente porque o IOF pode ser alterado sem passar pelo Congresso. Isso passa a imagem de um país onde regras fiscais mudam da noite para o dia.
Dólar deve reagir em alta nesta sexta
Como os detalhes da medida só foram conhecidos após o fechamento do pregão de quinta-feira (22), a expectativa é de que o impacto real se reflita na cotação do dólar nesta sexta-feira (23). A tendência é de alta, puxada pela insegurança jurídica e pela percepção de risco regulatório.
Além da pressão sobre a moeda americana, investidores podem ficar mais cautelosos com ativos brasileiros, diante de um cenário de incerteza fiscal e tributária.
Especialistas destacam que o aumento do IOF em remessas ao exterior pode desestimular investimentos estrangeiros e fomentar a saída de capital, afetando negativamente o câmbio.