Câmbio

Dólar tenta corrigir cotação abaixo dos R$ 5,50 com dados do EUA no radar

Nesta terça-feira, investidores ficam atentos aos dados do varejo e produção industrial nos Estados Unidos (EUA), o que pode impactar também sobre o câmbio

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O dólar abriu em alta nesta terça-feira (17), ainda influenciado pela guerra no Oriente Médio, impasse de tarifas entre EUA e China e decisão de juros no radar. Na abertura do pregão, por volta das 09:18, a moeda norte-americana registrava avanço de 0,16%, cotada a R$ 5,494.

Esse movimento representa uma correção técnica no valor da moeda, após fechar o último pregão em R$ 5,485 – o menor patamar em oito meses. Só este ano, a moeda já caiu mais de 10%.

Nesta terça-feira, investidores ficam atentos aos dados do varejo e produção industrial nos Estados Unidos (EUA), o que pode impactar também sobre o câmbio.

O que influencia o dólar hoje?

Dois eventos servem como gatilhos para o tombo mais acentuado do dólar:

  1. Expectativa de solução diplomática entre Irã e Israel, o que reduziu o temor de uma escalada militar generalizada no Oriente Médio;
  2. Aposta do mercado de que o Banco Central (BC) manterá a Selic elevada, tornando os ativos nacionais mais atrativos.

Segundo analistas, o alívio nos mercados veio com a percepção de que o conflito entre Irã e Israel não se alastrará para outros países da região. Dessa forma, houve um favorecimento do real e outras moedas emergentes.

Selic elevada sustenta o real

A valorização do real também está ancorada na expectativa em torno da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que começa nesta terça-feira (17).

O mercado está dividido: parte aposta na manutenção da Selic em 14,75% ao ano, enquanto outra parcela vê espaço para uma alta de 0,25 ponto percentual, levando a taxa para 15% ao ano.

Mesmo que a Selic seja mantida, o patamar atual já é elevado o suficiente para atrair capital estrangeiro por meio do carry trade — estratégia na qual investidores captam dinheiro em países de juros baixos (como os EUA) e aplicam em mercados como o brasileiro, com retornos significativamente maiores.

Dólar perde força no mundo todo

O movimento de enfraquecimento do dólar não se restringe ao Brasil. Globalmente, a moeda americana vem acumulando perdas ao longo de 2025. Entre os principais motivos:

  • Desconfiança fiscal nos EUA, com o déficit trilionário pressionando a percepção de risco dos investidores, segundo Marianna Costa;
  • Perspectiva de desaceleração da economia americana, agravada por tensões comerciais iniciadas pelo próprio Trump;
  • Expectativa de manutenção da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed) nesta semana, com início do ciclo de cortes projetado para setembro.

Juros nos EUA

Outro ponto de impacto no câmbio é o diferencial de juros entre Estados Unidos e Brasil.

Nos EUA, a previsão majoritária é de manutenção da taxa básica de juros, com o Federal Reserve (Fed) adotando uma postura mais cautelosa diante dos impactos econômicos das medidas do governo de Donald Trump. Assim, as taxas permaneceriam entre 4,25% a 4,50%.

Esse diferencial de juros — especialmente em um cenário de estabilidade ou queda das taxas nos EUA — aumenta o apelo do real, incentivando a entrada de capital estrangeiro e pressionando o dólar para baixo.

Fatores políticos também entram na conta

O ambiente político brasileiro também adiciona um ingrediente importante ao cenário cambial.

A aprovação, pela Câmara dos Deputados, do regime de urgência para votar o PDL 314/2025, que revoga o decreto do governo que aumentou o IOF, sinaliza resistência do Congresso a novas medidas arrecadatórias.

Apesar de o texto ainda precisar passar pelo Senado, o movimento indica que o Legislativo está disposto a impor limites à equipe econômica, o que pode trazer reflexos positivos no curto prazo para os ativos locais, mesmo que traga dúvidas fiscais no médio prazo.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.