Enquanto o Ibovespa sobe quase 12% ao ano, embalado por um cenário global de aversão ao risco e otimismo com países emergentes, poucos papéis realmente acompanham esse ritmo — e ainda menos conseguem vencê-lo. Mas entre os mais de 80 ativos que compõem o índice, um grupo seleto se destaca: empresas como Marfrig (MRFG3), Embraer (EMBR3), Direcional (DIRR3), Prio (PRIO3), Localiza (RENT3), Copel (CPLE6) e Weg (WEGE3) são algumas das ações que acumulam retornos impressionantes não só neste ano, mas ao longo de anos (e até décadas) de Bolsa.
Esse cenário foi mensurado por um levantamento feito pela Economatica, a pedido do InfoMoney. Os dados revelam quais são as 10 ações que superaram o Ibovespa em janelas de 1, 5, 10, 15 e 20 anos. Confira a seguir:
Marfrig dispara no curto prazo, Embraer brilha no médio, PetroRio domina no longo
Entre os últimos 12 meses, Marfrig (MRFG3) lidera com folga: 137,6% de valorização, quase 130 pontos percentuais acima do Ibovespa.
Na sequência, aparecem Embraer (70,2%), Direcional (62,8%), JBS (62%) e Porto Seguro (61,9%).
Confira o Top 5 no acumulado de 1 ano:
Ação | Retorno 12 meses | Acima do Ibovespa |
---|---|---|
Marfrig (MRFG3) | +137,63% | +129,41 p.p. |
Embraer (EMBR3) | +70,28% | +62,06 p.p. |
Direcional (DIRR3) | +62,82% | +54,61 p.p. |
JBS (JBSS3) | +61,99% | +53,77 p.p. |
Porto Seguro (PSSA3) | +61,93% | +53,71 p.p. |
“Embora olhar o histórico possa ajudar a entender a resiliência da empresa, o que realmente importa são os fundamentos atuais e as perspectivas futuras”, destaca Ricardo Schweitzer, sócio-fundador da Garoa Wealth Management.
Quem se destaca no médio prazo?
No acumulado de cinco anos, quem toma a dianteira é novamente a Embraer, com 920% de alta — muito acima do restante do mercado. A lista traz ainda Prio (PRIO3), Direcional (DIRR3), Petrobras (PETR3)(PETR4) e BTG Pactual (BPAC11).
Top 5 em 5 anos:
Ação | Retorno 5 anos | Acima do Ibovespa |
---|---|---|
Embraer (EMBR3) | +920,63% | +854,56 p.p. |
PetroRio (PRIO3) | +623,89% | +557,82 p.p. |
Direcional (DIRR3) | +475,02% | +408,96 p.p. |
Petrobras (PETR4) | +462,92% | +396,85 p.p. |
Petrobras (PETR3) | +433,47% | +367,41 p.p. |
Os grandes campeões do longo prazo
O estudo mostra que a campeã absoluta no período de 10 anos é a Prio (PRIO3): alta de 8.592,9%, praticamente transformando cada R$ 1 investido em R$ 86. O destaque se estende para Direcional, Marfrig, SLC Agrícola, Bradespar e Sabesp.
Top 5 em 10 anos:
Ação | Retorno 10 anos | Acima do Ibovespa |
---|---|---|
PetroRio (PRIO3) | +8.592,98% | +8.442,80 p.p. |
Direcional (DIRR3) | +1.054,52% | +904,34 p.p. |
Marfrig (MRFG3) | +835,62% | +685,44 p.p. |
SLC Agrícola (SLCE3) | +796,88% | +646,69 p.p. |
Bradespar (BRAP4) | +780,86% | +630,67 p.p. |
Nos 15 e 20 anos, aparecem nomes que misturam solidez com crescimento de longo prazo: Localiza, Sabesp, Porto Seguro, Weg, RaiaDrogasil, entre outros.
O que esses resultados revelam?
O desempenho de algumas poucas ações explica boa parte do retorno total do mercado. Esse é um padrão observado também em outros países, como mostrou o professor Hendrik Bessembinder, da Arizona State University.
Em seu estudo, ele concluiu que apenas 2,4% das ações globais foram responsáveis por 100% da criação líquida de riqueza entre 1990 e 2020.
“Menos da metade das ações entregou retornos positivos. O grau de concentração é enorme”, escreveu.
Por isso, o professor defende que investidores que não têm acesso a informações privilegiadas ou tempo para análises profundas provavelmente terão desempenho melhor investindo em índices passivos, como o BOVA11.
“Tudo depende da estratégia de cada pessoa. ETFs trazem diversificação e menos volatilidade. Já quem tem conhecimento pode montar uma carteira própria com papéis sólidos”, comenta Felipe Sant’Anna, da Axia Investing.
Aprendizados para o investidor
Para o investidor pessoa física, a principal lição é clara: acertar ações vencedoras é difícil — mas não impossível. Montar uma carteira com empresas consistentes, diversificadas entre setores e com modelos de negócio sustentáveis ainda é a melhor forma de enfrentar a montanha-russa da Bolsa.
“É melhor investir em empresas que oferecem crescimento sólido do que correr atrás das ‘modinhas’. O foco deve ser em fundamentos e visão de longo prazo”, afirma George Sales, da Fipecafi.