
A nova fase da Gol (agora negociada sob os códigos GOLL53 e GOLL54) mal começou, e já causou espanto no mercado. A companhia aérea atingiu um valor de mercado implícito de R$ 240 bilhões ao fim do pregão da última sexta-feira (13) — um patamar que a colocaria entre as empresas mais valiosas da Bolsa, à frente de nomes como WEG, Localiza e Rumo.
Nesta segunda-feira (16), as ações da companhia registram um derretimento de mais de 50%, cotadas a R$ 350,50. Mas, o que fez a cotação da Gol saltar de centavos para esse patamar? Ainda na sexta-feira, as ações atingiram a casa dos R$ 700.
O BTG Pactual já adianta que “algo claramente está fora do lugar.”
Um valor inflado por confusão e baixa liquidez
Para o BTG, essa avaliação bilionária não se sustenta diante dos fundamentos. A Gol acabou de sair de um processo de recuperação judicial (Chapter 11) nos Estados Unidos, ainda exibe uma alavancagem elevada (5,4x) e sua reestruturação envolveu diluição acionária de 99,8%, com a emissão de 1,2 trilhão de ações econômicas.
“A distorção no valuation parece estar ligada, principalmente, ao baixo volume de negociação das ações, o que vem impedindo uma avaliação mais precisa por parte do mercado”, diz o banco.
A confusão com os novos códigos de negociação e lotes padrão de 1.000 ações também pode ter contribuído para o desencontro de expectativas e percepções.
O que mudou com a reestruturação
Após o processo no Tribunal de Falências de Nova York, a Gol:
- Recebeu US$ 1,9 bilhão em financiamento de saída;
- Quitou sua linha DIP;
- Terminou com US$ 900 milhões em liquidez;
- Aprovou um aumento de capital de R$ 12 bilhões, emitindo:
- 8,1 trilhões de ações ordinárias a R$ 0,00029;
- 968 bilhões de ações preferenciais a R$ 0,01;
- Passou a ter 80% do capital detido pelo Abra Group, controlado pela holding em Luxemburgo New GOL Parent (NGP).
BTG mantém recomendação de venda na Gol
Com base nesse cenário, o banco reafirma sua recomendação de venda das ações, apostando que, com o tempo, o mercado irá convergir para o valor intrínseco real da empresa.
Na prática, isso significa que o preço atual — que sugere uma gigante — deve ser corrigido para refletir a realidade de uma companhia que ainda lida com forte alavancagem, mudanças societárias complexas e um setor extremamente competitivo.
“Mesmo para analistas acostumados às complexidades do setor aéreo, a situação da Gol impressiona”, conclui o relatório.