Onda de otimismo

Ibovespa a 189 mil pontos? Veja o que motiva Morgan Stanley apostar tão alto no Brasil

Para os estrategistas do banco, há uma conjunção de fatores que favorece a bolsa brasileira:

Analise Ibovespa esta barato em dolares
Analise Ibovespa esta barato em dolares

O Morgan Stanley reforçou a recomendação “overweight” (acima da média do mercado) para o Brasil — equivalente à sugestão de compra — e apontou que o país oferece atualmente uma das melhores relações risco-retorno entre os emergentes.

O otimismo é tamanho que o banco projeta o principal índice da bolsa brasileira, Ibovespa, em 189 mil pontos até meados de 2026, o que representaria uma valorização de 36% sobre os níveis atuais.

Essa visão do Morgan é estruturada pela expectativa sobre as eleições de 2026.

Não esperamos uma mudança efetiva na política antes de 2027, mas o simples fato de que essa possibilidade exista já pode favorecer o mercado de ações”, diz o banco.

Uma tempestade perfeita… para o otimismo

Para os estrategistas Nikolaj Lippmann, Juan Ayala e Julia Nogueira, há uma conjunção de fatores que favorece a bolsa brasileira:

  • Eleições à vista: o ciclo eleitoral que se estende pelos próximos 18 meses pode abrir espaço para mudanças na política fiscal.
  • Juros no pico: com a Selic próxima ao topo do ciclo, abre-se margem para um ambiente mais benigno ao risco.
  • Possibilidade de dólar e juros globais mais baixos: o que favorece a entrada de capital estrangeiro e valoriza ativos brasileiros.
  • Setores estratégicos aquecidos: o Morgan aumentou sua exposição a serviços financeiros, estatais, utilities e concessões, por considerá-los os mais propensos a se beneficiar desse novo ambiente.

Gostamos da relação risco-retorno no Brasil, onde o cenário otimista se tornou mais provável, em nossa visão”, escreveram os analistas no relatório.

Lula e a política: um fator de incerteza e oportunidade

O Morgan Stanley também chama atenção para o cenário político. Embora falte mais de um ano para as eleições presidenciais de 2026, o Morgan nota uma queda na taxa líquida de aprovação do presidente Lula, que segue trajetória semelhante à de Jair Bolsonaro no mesmo momento de governo.

Mais do que isso: a aprovação atual está muito abaixo da média dos presidentes que conseguiram reeleição, o que, segundo os analistas, pode abrir brechas para o debate sobre políticas econômicas alternativas.

Apesar de não esperar uma virada de política antes de 2027, o Morgan avalia que a simples possibilidade de mudança já é suficiente para antecipar movimento nos mercados.

Ações baratas, país descontado

A avaliação do Morgan Stanley vai além da política: o Brasil estaria “muito barato” em termos de valuation.

O mercado de capitais, segundo o banco, ainda é dominantemente focado em renda fixa, consequência de um déficit orçamentário estimado em cerca de 10%.

Isso significa que a alocação em ações segue em níveis historicamente baixos, o que amplia o potencial de valorização da bolsa no médio prazo.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.