
O Ibovespa (IBOV) iniciou o pregão desta segunda-feira (9) em queda, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), anunciar um novo pacote fiscal. Por volta das 10:25, o principal índice da Bolsa da Valores Brasileira recuava 0,72% aos 135,1 mil pontos.
No radar do mercado ainda está o avanço do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal, e os riscos no cenário internacional, com a guerra de tarifas entre EUA e China.
Pacote fiscal
Depois de uma maratona de reuniões no fim de semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a revisão do decreto que previa aumento do IOF.
Em troca, o governo propôs:
- Taxação de títulos antes isentos, como LCI e LCA, com alíquota de 5% de IR;
- Fim da alíquota reduzida de 9% da CSLL para instituições financeiras, que passarão a pagar de 15% a 20%;
- Tributação de apostas esportivas (bets), com alíquota elevada para 18%;
- Redução de gastos tributários em pelo menos 10%;
- E revisão da estrutura tributária sobre fintechs, aproximando-as dos bancos.
A expectativa de arrecadação com o novo pacote é entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões, abaixo dos R$ 20 bilhões esperados com o IOF original.
Analistas consideram a medida um avanço político importante, mas criticam a ausência de cortes de gastos relevantes, o que limita o entusiasmo dos investidores.
Ainda assim, a XP vê espaço para retomada da alta do Ibovespa, caso o índice supere os 138 mil pontos no pregão de hoje.
Isso abriria caminho para um salto até os 140.300 pontos – uma alta de 3,08% frente à última sexta-feira (136.102 pts).
EUA e China
O humor externo também é um freio importante no otimismo local. A nova rodada de negociações comerciais entre EUA e China, agora em Londres, levanta incertezas quanto ao futuro das tarifas e do comércio bilateral.
Ao mesmo tempo, os protestos em Los Angeles contra a política de imigração de Trump, somados à presença de tropas da Guarda Nacional, adicionam tensão geopolítica à equação.
A disputa por terras raras e tecnologia entre Washington e Pequim reacende temores de um novo capítulo da guerra comercial, o que costuma gerar aversão ao risco em mercados emergentes.
Julgamento de Bolsonaro no STF
A semana também marca o início dos interrogatórios na ação penal que julga o núcleo central da tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ele e outros sete réus serão ouvidos pelo ministro Alexandre de Moraes, pela Procuradoria-Geral da República e pelas defesas dos demais envolvidos.
Essa é a fase mais sensível do processo até aqui e deve manter o clima de incerteza em Brasília.
Apesar de ainda não haver impactos diretos no mercado, o avanço do caso gera instabilidade institucional e pode reverberar no comportamento dos ativos, especialmente entre investidores estrangeiros.
Calendário econômico: inflação, varejo e PIB no radar
Além do cenário político, a agenda econômica também promete fortes emoções nesta semana:
Segunda-feira (9)
A China abre a agenda com dados da balança comercial e Índice de Preços ao Consumidor (CPI), enquanto o Japão divulga seu Produto Interno Bruto (PIB).
Terça-feira (10)
O foco estará no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o principal índice de inflação brasileiro.
Os números serão cruciais para calibrar as expectativas da próxima reunião do Copom, marcada para o dia 18 de junho, e podem influenciar o debate sobre corte ou manutenção da taxa Selic.
Quarta-feira (11)
No Brasil, o destaque será o fluxo cambial estrangeiro, um termômetro da entrada e saída de capital no país.
Nos Estados Unidos, o mercado se concentra no Índice de Preços ao Consumidor (CPI), principal indicador de inflação, e no Relatório Mensal do Tesouro Nacional, que detalha as finanças do governo americano.
Quinta-feira (12)
A agenda acelera no Reino Unido com a divulgação do PIB, da produção industrial e da balança comercial — dados cruciais para medir o desempenho econômico do país.
No Brasil, a atenção estará voltada para as vendas no varejo. Já nos EUA, o destaque será o Índice de Preços ao Produtor (PPI), importante para avaliar a pressão inflacionária na cadeia produtiva.
Sexta-feira (13)
A semana fecha com dados de produção industrial do Japão e da Zona do Euro, que também divulgará sua balança comercial.
Esses números ajudam a entender a dinâmica econômica nos principais blocos globais.